'Brasil exige respeito', diz Fiesp sobre ameaças contra acordo UE-Mercosul

Entidade se pronunciou após França e Irlanda ameaçarem tratado caso Brasil não reveja política ambiental

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São Paulo

​A Fiesp disse nesta sexta-feira (23) que está preocupada com as recentes ameaças de líderes europeus travarem o acordo comercial da UE com o Mercosul. ​

"O Brasil merece respeito", disse, em nota, o presidente da entidade, Paulo Skaf. O comunicado foi divulgado após a França e a Irlanda ameaçarem votar contra o acordo se o Brasil não proteger a Amazônia.

"A Fiesp vê com espanto as ameaças de países participantes do tratado comercial União Europeia-Mercosul, anunciado há menos de 60 dias, de recuarem no que foi acordado", diz o comunicado.

 Segundo a Fiesp, todos os pontos do pacto foram debatidos pelos países ao longo de 20 anos.

"É preocupante que integrantes do tratado recorram a pretextos que não têm qualquer relação com o que foi negociado para fazer política interna e tentar atacar a imagem do Brasil. O Brasil participa de todos grandes os acordos globais sobre clima e meio ambiente em vigor e os cumpre. Sempre teve liderança nesse campo e é referência mundial quando o assunto é preservar e produzir".

A Fiesp afirmou que o agronegócio brasileiro trabalha com excelência e é respeitado por seus compromissos, produtos e resultados. "Não podemos permitir que agentes externos, com seus próprios interesses políticos e comerciais, prejudiquem os nossos empregos e o Brasil como um todo."

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro também expressou preocupação com as declarações dos europeus.

"A Firjan considera especialmente grave a interferência de setores econômicos europeus, com seus interesses, nessa discussão."

A entidade ressalta ainda a importância de que a União Europeia ratifique o acordo e mantenha as cláusulas negociadas sobre comércio e desenvolvimento sustentável, com regras claras sobre a proteção do clima.

Mais cedo, a ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento)  criticou a possibilidade de imposição de barreiras comerciais ao país devido aos incêndios em curso na floresta –embora não tenha citado especificamente as ameaças de França e Irlanda de não ratificarem o acordo entre União Europeia e Mercosul.

A ministra afirmou que não se pode dizer que o agronegócio brasileiro seja o grande destruidor da Amazônia por causa dos incêndios e queimadas que acontecem neste momento na região.

O governo francês disse na manhã desta sexta-feira que o presidente Jair Bolsonaro mentiu ao assumir compromissos em defesa do ambiente na cúpula do G20, em junho, e que isso inviabiliza a ratificação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, concluído no mesmo mês.

A Irlanda também afirmou que vai bloquear a implantação do pacto caso o governo brasileiro não atue para combater os incêndios em curso na Amazônia.

“Não há nenhuma chance de votarmos a favor se o Brasil não honrar seus compromissos ambientais”, escreveu o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, em comunicado divulgado no fim da noite de quinta (22).

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