China revela tarifas retaliatórias sobre produtos dos Estados Unidos

Chineses vão impor tarifas extras sobre soja, carne bovina e suína

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Pequim | Reuters

​A China divulgou nesta sexta-feira (23) tarifas de retaliação sobre cerca de US$ 75 bilhões (R$ 303, 2 bi) em mercadorias americanas, adicionando mais 10% de tarifas sobre as já existentes, marcando a escalada de uma longa guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

A mais recente investida chinesa vem depois que os Estados Unidos anunciaram tarifas sobre mais US$ 300 bilhões (R$ 1,1 trilhão) em produtos da China programadas para entrarem em vigor em duas etapas, em 1º de setembro e 15 de dezembro.

O Ministério do Comércio da China informou em comunicado que adotará tarifas adicionais de 5% ou 10% sobre um total de 5.078 produtos originários dos Estados Unidos, que incluem produtos agrícolas, petróleo, aviões de pequeno porte e carros. A China também está retomando as tarifas sobre carros e autopeças originários dos Estados unidos.

Os chineses vão impor uma tarifa extra de 5% sobre a soja dos Estados Unidos a partir de 1º de setembro e taxas adicionais de 10% sobre trigo, milho e sorgo, a partir de 15 de dezembro, nas últimas medidas retaliatórias de Pequim contra Washington.

A China também cobrará tarifas extras de 10% sobre a carne bovina e suína dos Estados Unidos a partir de 1º de setembro, de acordo com lista publicada pelo Ministério do Comércio em seu site.

As tarifas mais recentes, que seguem os impostos americanos sobre bens chineses no valor de US$ 300 bilhões, ameaçam prolongar uma guerra comercial entre as duas principais economias do mundo, que tem levantado preocupações sobre a desaceleração do crescimento global.

No ano passado, a China impôs tarifas retaliatórias que permanecem em vigor sobre as importações de uma série de produtos agrícolas dos EUA, incluindo soja e carne de porco.

Essas tarifas reduziram a exportação de produtos americanos e levaram a administração Trump a oferecer até US$ 28 bilhões em ajuda federal para compensar os agricultores americanos por perdas.

"Qualquer escalada na disputa comercial com a China é uma grande preocupação para os produtores de suínos dos Estados Unidos", disse o Conselho Nacional de Produtores de Carne Suína em um comunicado.

A tarifa anterior sobre a carne suína dos Estados Unidos tinha sido de 62%.

O Ministério do Comércio da China disse em 5 de agosto que as empresas chinesas pararam de comprar produtos agrícolas dos Estados Unidos acirrando a guerra comercial entre os países.

A disputa comercial entre China e EUA vem beneficiando o Brasil desde o ano passado, quando as exportações brasileiras de soja atingiram recorde de mais de 80 milhões de toneladas, com grandes compras dos chineses.

Neste ano, contudo, o impacto da peste suína africana na China amenizou os efeitos da disputa comercial para a demanda por soja brasileira. Por outro lado, indústrias de carnes brasileiras estão vendendo mais aos chineses.

Os futuros de soja operavam em baixa após a China dizer que acrescentaria mais 5% à tarifa de 25% que impôs em julho de 2018.

"Para mim, é totalmente político e psicológico", disse Dan Basse, presidente da consultoria AgResource Co, em Chicago.

"A proibição foi mais destrutiva do que aumentar as tarifas".

"A decisão da China de implementar tarifas adicionais foi forçada pelo unilateralismo e protecionismo dos Estados Unidos", disse o ministério chinês em comunicado, acrescentando que suas tarifas de retaliação também entrarão em vigor em dois estágios, em 1º de setembro e 15 de dezembro.

O assessor de Comércio da Casa Branca, Peter Navarro, disse à Fox Business News separadamente que as negociações comerciais com a China ainda serão feitas a portas fechadas.

O gabinete do representante de Comércio dos EUA não fez comentários imediatos sobre o anúncio das tarifas da China.

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