Credores aprovam plano de recuperação da Abril

Texto, que prevê a venda da revista Exame e de imóveis do grupo, vai agora para homologação judicial

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São Paulo

O plano de recuperação judicial do Grupo Abril foi aprovado na tarde desta terça (27) por 98% dos credores, reunidos em assembleia em São Paulo. Eles representam 92% da dívida total.

O plano vai agora para homologação judicial, o que deve acontecer em poucos dias. A partir daí, serão programados leilões para a venda de três ativos: a revista Exame; o prédio do grupo na Marginal Tietê, em São Paulo; e imóveis na região de Campos do Jordão, no interior paulista.

Fachada do prédio da editora Abril na marginal Tietê, em São Paulo. - Mastrangelo Reino - 27.nov.10/Folhapress

A primeira alienação, pelo cronograma do plano, será da Exame, em até quatro meses. A expectativa é de que a unidade seja adquirida pelo Banco BTG Pactual.

A ideia do banco seria estabelecer, sobretudo com o site e o aplicativo, um negócio semelhante a outros no setor de mídia e finanças, vinculando noticiário a ferramentas de investimento. É o modelo de operações como Infomoney, da XP Investimentos.

As vendas visam cobrir parte da dívida acumulada pelo grupo, que soma R$ 1,6 bilhão. Desse total, R$ 1,1 bilhão já foram adquiridos com desconto pelo BTG, junto aos três grandes bancos credores, Itaú, Bradesco e Santander.

Os ativos à venda foram separados em Unidades Produtivas Isoladas (UPIs), dispositivo previsto em recuperações judiciais no país, compondo um "conjunto de bens organizados para fins de alienação", como descreve o plano. 

São apresentadas como UPIs "obrigatórias" a Exame, o imóvel histórico do grupo na Marginal Tietê, em São Paulo, e outros imóveis, somando 750 mil metros quadrados, na região de Campos do Jordão, no interior paulista. Os bens serão leiloados em diferentes prazos. 

Depois da revista, a UPI Marginal Tietê será vendida também com "processo competitivo" em até 20 meses após a homologação do plano, e a Campos do Jordão, em até 36. 

Outros dois conjuntos de bens podem ser incluídos na alienação, segundo o plano. As UPIs "facultativas" são a Casacor, que nasceu como revista e hoje, além de site de serviços, é uma operação que envolve sobretudo eventos, inclusive nos EUA, e a Tex Courier, uma das empresas de distribuição do grupo. 

O plano trata dos funcionários demitidos pela Abril desde dezembro de 2017, calculados em perto de 1.300, e prevê pagamento das dívidas na íntegra até o valor de R$ 250 mil. Acima disso, os pagamentos passariam por um deságio escalonado.

Uma assembleia conjunta de quatro sindicatos, de jornalistas, gráficos, administrativos e distribuidores, que negociaram com o grupo desde o ano passado, já havia homologado os termos acertados para o plano.

"Desde o início da recuperação judicial, o sindicato batalhou para receber integralmente o mais rápido possível, e a gente conseguiu agora chegar a esse acordo", diz Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, que esteve na assembleia.

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