Com livros de fotos de beija-flores e árvores, o governador João Doria (PSDB-SP) encerrou um dia em que procurou reforçar a contraposição entre o governo estadual e a gestão Bolsonaro em questões ambientais.
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PSL) recebe e rebate críticas de líderes europeus sobre a Amazônia, Doria reafirmou durante coletiva para jornalistas brasileiros e alemães, na sede global da Volkswagen, em Wolfburg (Alemanha), que tem "compromisso com o Protocolo de Paris [que prevê medidas contra as mudanças climáticas] e com a preservação ao ambiente e respeito pela opinião pública".
A declaração foi feita depois de pergunta da Folha ao chefe de operações global da Volkswagen, Ralf Brandstatter, sobre o impacto da polêmica sobre queimadas e desmatamento brasileiros na imagem de empresas dispostas a investir no país.
A montadora alemã anunciou ontem a produção de um novo modelo, 100% desenvolvido no Brasil, na fábrica de São Bernardo do Campo.
"Quando o pulmão do mundo está em chamas, todos nós nos preocupamos", respondeu o executivo alemão. Em seguida, Doria pediu licença para responder também e afirmou que o estado de São Paulo tem "desmatamento negativo", por causa de programas de reflorestamento.
À noite, após jantar na sede da montadora, o governador entregou o livro de "Beija-flores do Brasil", de Eduardo Parentoni Brettas e Luis Fábio Silveira, ao CEO da Volks para a América Latina, o argentino Pablo di Si, e "Árvores de São Paulo", de Valdir Cruz, ao diretor de Relações Institucionais, Antonio Magale, ex-presidente da Anfavea (associação de montadoras no Brasil), e voltou a falar sobre a necessidade de garantir a preservação ambiental.
Pela manhã, em entrevista à Folha, o governador já havia dito que a incerteza sobre o empenho do governo brasileiro na preservação da Amazônia está gerando grande preocupação nos investidores europeus.
Na Alemanha para acompanhar anúncio feito pela Volkswagen da produção de um carro 100% desenvolvido no Brasil, na unidade de São Bernardo do Campo, Doria disse que "Há uma forte reação de investidores, não só de governo. Manifestaram grande preocupação sobre temas ambientais".
Em crítica velada a Bolsonaro, afirmou que "é preciso que o Brasil, como país, como nação manifeste claramente seu respeito pela opinião pública, seja europeia seja internacional" para evitar a perda de investimentos.
A jornalista viajou a convite da Volkswagen Brasil
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