Descrição de chapéu Financial Times

Parceiros do Facebook na libra querem se distanciar do projeto

Moeda virtual causou reação de organizações regulatórias e políticos

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Hannah Murphy Shannon Bond

​O escrutínio regulatório cada vez mais intenso sobre a moeda digital libra, do Facebook, assustou alguns dos primeiros participantes do projeto e pelo menos três deles discutiram de forma privada como se distanciar da empreitada.

Os 28 membros da Associação Libra, entre os quais Visa, Mastercard, Uber, Spotify e Calibra (uma subsidiária do Facebook), assumiram um compromisso não compulsório de investir ao menos US$ 10 milhões (cada) no projeto, que o Facebook anunciou em junho, com o objetivo de revolucionar o mercado mundial de pagamentos. 

No entanto, a moeda virtual proposta causou reação feroz das organizações regulatórias e de políticos de todo o planeta, entre as quais uma investigação oficial pelas autoridades antitruste da União Europeia.

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Calibra, carteira virtual da Libra, criptomoeda do Facebook - Crédito: Divulgação/Facebook

Dois dos parceiros originais do projeto disseram ao Financial Times que estavam preocupados com a atenção das autoridades regulatórias e que estavam considerando abandonar a empreitada.

Outro participante disse estar preocupado com expressar apoio público ao projeto por medo de que isso atraísse interesse das agências que fiscalizam seus negócios.

"Creio que será difícil para os parceiros que querem ser vistos como respeitosos [em relação às suas agências regulatórias] estarem lá apoiando [a libra]", disse um dos parceiros originais.

Como os parceiros não estão apoiando publicamente a moeda digital, o Facebook ficou irritado com os membros da aliança, de acordo com duas pessoas próximas ao projeto.

"O Facebook está cansado de ser o único a a se expor", disse um dos participantes da libra. Tanto o Facebook quanto a Associação Libra se recusaram a comentar. 

Embora os membros fundadores da associação em geral apoiem o conceito e uma nova moeda que possa ampliar a inclusão financeira, duas das empresas disseram que haviam discutido quais deveriam ser os "próximos passos corretos".

"Algumas dessas conversas [sobre regulamentação] deveriam ter acontecido antes do lançamento, para compreender o que as autoridades pensariam a respeito e assim evitar reações tão fortes", disse um dos parceiros. 

Enquanto cresce a tensão entre o Facebook e os parceiros, as autoridades regulatórias continuam a esquadrinhar as propostas sobre a libra. Esta semana surgiu a informação de que a moeda proposta está sujeita a uma investigação da autoridade antitruste da União Europeia.

As autoridades de proteção de dados dos Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, Austrália e Canadá divulgaram este mês uma declaração vigorosa sobre suas preocupações quanto a privacidade, e o projeto também despertou medo pelo risco de lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e desordenamento da estabilidade financeira. 

A moeda também atraiu atenção política nos Estados Unidos. No mês passado, David Marcus, o chefe da Calibra, a subsidiária de serviços financeiros do Facebook, participou de audiências complicadas no Congresso, em Washington, nas quais alguns dos parceiros do Facebook foram questionados quanto a possíveis conflitos de interesse.

A deputada federal democrata Rashida Tlaib perguntou se o Facebook estava formando uma "criptomáfia" com outras empresas para benefício mútuo, mencionando as "relações estreitas" entre executivos de algumas dessas empresas e membros do conselho do Facebook. 

Durante as audiências, Marcus disse que os membros haviam "aderido porque podem adicionar valor à rede e prover serviços relevantes às pessoas que atendemos".

Tradução de Paulo Migliacci

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