Lançamento da Amazon derruba ações de concorrentes na Bolsa brasileira

Entre as afetadas estão Magazine Luiza, Via Varejo, que detém Casas Bahia, e B2W, dona da Americanas

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São Paulo

As ações de varejistas brasileiras tiveram fortes quedas na Bolsa nesta semana com o lançamento do Amazon Prime, plano de assinaturas da concorrente americana que inclui frete grátis por R$ 9,90 mensais. O benefício é válido para qualquer produto que esteja em centros de distribuição do Brasil.

Com a ofensiva da gigante americana, os papéis da Magazine Luiza tiveram a maior queda do Ibovespa desta terça-feira (11), com recuo de 5%, a R$ 32,50, menor patamar desde julho.

Na véspera, as ações da companhia caíram na mesma proporção. Somados os dois pregões, a Magazine Luiza perdeu R$ 5 bilhões em valor de mercado. 

Modelo é adotado até por empresas que nasceram digitais e sentiam perder clientes que iam comprar em lojas físicas
As ações da Magazine Luiza - Divulgação

A B2W, dona da Submarino e Lojas Americanas, teve queda de 4,83% nesta terça, a segunda maior do índice, a R$ 4,40. Na véspera, a queda foi de 5,6%.

Já a Via Varejo, responsável pela administração da Casas Bahia, Pontofrio e do e-commerce do Extra, caiu 3,3%, a R$ 6,78. Na segunda, a empresa recuou 5% na Bolsa.

Lojas Americanas, que têm suas próprias ações listadas na B3, registrou queda de 3,2%, a R$ 17,86. 

O Ibovespa, maior índice acionário da Bolsa brasileira, teve leve queda de 0,14%, a 103.3031 pontos. 

Neste ano, varejistas estão entre as empresas que mais se valorizaram na Bolsa, com a expectativa de recuperação da economia brasileira, o que pode levar a um movimento de correção dentro da queda acentuada dos últimos pregões.

No ano, a Magazine Luiza tem alta de 40% e Via Varejo, de 54%.

Em relatório, a XP Investimentos afirma não ver grandes mudanças no cenário competitivo de comércio online com o anúncio da Amazon, mas espera volatilidade nas ações do setor.

"Vemos o movimento da Amazon como mais um passo importante para a estruturação da sua operação de e-commerce no Brasil, embora o serviço Prime seja restrito com relação ao número de produtos ofertados e quantidade de cidades com entrega em dois dias", diz a XP.

A corretora cita, para efeitos de comparação, o B2W Prime, que oferece frete grátis e entrega rápida em alguns produtos selecionados, por R$ 79,90 ao ano. O programa, no entanto, é restrito a cerca de 2.500 municípios do país.

“É importante destacar que nos últimos anos vimos uma consolidação cada vez maior dentre alguns potenciais vencedores no e-commerce brasileiro (o que não deixa o progresso da Amazon impossível, mas mais difícil)”, diz relatório do BTG Pactual, que cita Magazine Luiza, B2W e Mercado Livre.

Thiago Salomão, da Rico Investimentos, também segue otimista com as companhias brasileiras. 

“[A queda das ações das varejistas] é justificável e faz sentido, pois há um temor de que, se a Amazon entra no Brasil com tudo, ela pode ganhar mercado. Mas nada disso muda o nosso viés positivo de longo prazo para o setor, que tem um espaço enorme para crescer”, afirma Salomão.

O analista aponta ainda que, em quedas tão bruscas, como acumulado pela varejistas nos últimos dois dias, há uma expectativa de investidores de que o lucro anual da empresa seja impactado.

No caso da Magazine Luiza, o e-commerce tem crescido de forma acelerada e já representa 41% do total de vendas da empresa, segundo último relatório a investidores. No segundo trimestre deste ano, as vendas online cresceram 56%, enquanto as vendas em lojas físicas cresceram 8,7% em comparação com o mesmo período de 2018.

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