Acordo comercial entre China e EUA sairá até o fim do ano, diz fundador do Carlyle

David Rubenstein diz que Trump precisa do trato para evitar recessão e garantir sua reeleição em 2020

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Nova York

Diante de uma plateia de investidores em Nova York, o bilionário David Rubenstein, cofundador do fundo americano de investimento Carlyle, afirmou nesta quarta-feira (18) que o acordo comercial entre Estados Unidos e China vai sair até o fim deste ano.

Na avaliação do financista, que tem bom trânsito em Washington, o trato entre as duas potências não será o ideal, mas suficiente para que os países "durmam em paz."

"Até o fim do ano teremos o acordo comercial entre China e EUA [...] Não será o ideal, mas será um acordo", afirmou Rubenstein durante a 10th LatAm CEO Conference.

Em palestra mediada por André Esteves, sócio sênior do BTG Pactual, o financista disse que as chances de um acordo ser firmado nos próximos meses são grandes por dois motivos: os chineses não querem ficar em guerra comercial permanente com os americanos e o presidente Donald Trump sabe que, se não fechar um trato rapidamente, pode levar os EUA a uma recessão e colocar em risco sua reeleição em 2020.

Este mês, as potências inauguraram novo capítulo com tarifas, após os EUA anunciarem taxas adicionais de 15% aplicadas sobre cerca de US$ 300 bilhões de itens chineses que ainda não haviam sido penalizados.

O discurso belicoso de Trump contra os negócios com a China faz parte de sua plataforma eleitoral. No entanto, opina Rubenstein, a retórica tem limite no momento em que pode prejudicar a economia americana e, dessa forma, afetar a possibilidade de reeleição do presidente.

"Se Trump demorar muito para entrar nisso [fechar o acordo com a China], levará a uma recessão. Tenho 100% de certeza de que ele está ciente disso. Trump não quer recessão. Caso isso acontecer, ele não será reeleito."

O fundador de um dos mais importantes fundos de investimentos dos EUA explica que o país passa por uma recessão a cada sete anos e que, desde junho de 2009, esse cenário não aparece. A tendência, explica, é Trump ser reeleito, mas isso está intimamente ligado à situação econômica americana.

O cenário de possível recessão global —estimulado justamente pela guerra fiscal entre EUA e China— tem afetado diversos países, mas os americanos ainda desfrutam de bons índices econômicos, o que garante bom momento político para Trump.

Segundo Rubenstein, o provável acordo com a China antes de dezembro vai ajudar o presidente com eleitores nos chamados estados-pêndulo, ou seja, os imprevisíveis, que a cada eleição podem dar vitória para um partido diferente —Republicano ou Democrata.

"As áreas rurais e agrícolas não estão vendendo nada para a China [com a guerra fiscal]. Os EUA estão subsidiando, mas os subsídios são custosos."

A oposição a Trump tem 20 candidatos concorrendo pela nomeação democrata na eleição à Casa Branca, mas o financista afirma que somente três deles são competitivos: Joe Biden, Bernie Sanders e Elizabeth Warren.

​​Rubenstein diz que "ainda é cedo" para saber quem vencerá a disputa na oposição a Trump, mas acredita que Sanders tem menos chances que os demais neste momento e que, se a economia permanecer boa até o ano que vem, o presidente será reeleito.

Aos 76 anos, Biden é o favorito nas pesquisas recentes e tem apoio de vários nichos e estados importantes em uma disputa de Colégio Eleitoral (sistema de voto indireto).

Warren, por sua vez, disputa o segundo lugar e o apoio dos jovens com Sanders, mas também é considerada "muito à esquerda" pelo establishment americano, o que dificultaria a atração de eleitores de centro, por exemplo, considerados independentes.

"É cedo para fazer previsão, é difícil dizer se Biden será nomeado [candidato democrata], mas se a economia ficar em bom estado, Trump será reeleito", concluiu Rubenstein.

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