Arrecadação de agosto pode vir R$ 5 bilhões acima do esperado, diz Guedes

Ministro reafirma defesa do teto de gastos e diz que não pensa em medidas de curto prazo

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Rio de Janeiro

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta (6) que o governo continua tendo "surpresas favoráveis" na arrecadação de impostos. Segundo ele, a receita de agosto superará as expectativas em R$ 5 bilhões. Em julho, a receita com impostos cresceu R$ 4,1 bilhões. 

Ele voltou a defender o respeito ao teto de gastos do governo federal como fundamental para equilibrar as contas públicas e disse que não planeja "medidas de curto prazo" para reanimar a economia, criticando governos anteriores por decisões que contribuíram para o desequilíbrio fiscal, citando como exemplo a transferência de recursos ao BNDES para empréstimos subsidiados.

O presidente Jair Bolsonaro abraça Paulo Guedes (Economia) durante solenidade de lançamento do Projeto em Frente Brasil, de medidas para a segurança pública, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 29.ago.2019/Folhapress

"Nos dois últimos meses tivemos surpresas favoráveis na arrecadação", disse o ministro, referindo-se a julho, já divulgada e agosto. "Esse mês, ainda não foi anunciado, mas vem R$ 5 bilhões acima do esperado", concluiu, dizendo que a informação lhe foi passada pelo secretário do Tesouro, Mansueto Almeida.

Com o aumento da receita em julho, o o caixa do Governo Central —que reúne as contas do Tesouro, Previdência e Banco Central— fechou o mês com déficit de R$ 5,9 bilhões, o melhor desempenho para o mês desde 2014.

As dificuldades fiscais levaram o governo a anunciar diversos contingenciamentos de gastos ao longo do ano. Com risco de paralisação de áreas importantes do governo, o presidente Jair Bolsonaro chegou a indicar esta semana apoio à flexibilização do teto de gastos públicos.

A medida, porém, foi rechaçada após pressão do Ministério da Economia. "Temos compromisso com o teto de gastos", afirmou Guedes nesta sexta, em entrevista sobre acordo automotivo entre Brasil e Argentina. 

"O teto é justamente um a tentativa de limitar a fonte de todos os nossos males, que é o descontrole dos gastos públicos. Se eu furar o teto, estou chamando de volta a fonte de todos os nossos males. Estou tentando discutir o piso, que são as despesas discricionárias", disse o ministro.

Guedes confirmou que o governo estuda ações para reduzir o desemprego, segundo ele, com foco na redução de encargos trabalhistas. "Quando pensamos em emprego, sabemos do peso de uma legislação inadequada", afirmou.

Ele disse, porém, que as medidas ainda estão em gestação e que não pretende acelerar medidas de olho nas eleições municipais de 2020. "Eu não acho que devemos ser irresponsáveis do ponto de vista fiscal por que tem eleição no ano que vem."

"Ninguém de bom senso vai atribuir esse desemprego aí ao governo Bolsonaro, que tem pouco mais de um semestre", comentou. Por isso, defendeu, não serão tomadas medidas "artificiais" de curto prazo para reanimar a economia, alegando que esse tipo de estratégia foi responsável pela crise fiscal brasileira.

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