Preço do etanol sobe a reboque dos ataques na Arábia Saudita

Segundo Cepea, alta ocorre devido a expectativa de elevação da demanda desse combustível

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São Paulo

O preço do etanol reagiu nesta segunda-feira (16) aos atentados ocorridos em refinarias da Arábia Saudita. A pesquisa diária dos valores do tipo hidratado, feita pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), indicou R$ 1,784 por litro, 1,83% a mais do que na última sexta-feira (13).

De acordo com o Cepea, a alta ocorre devido a uma expectativa de elevação da demanda desse combustível, em vista de possível aumento nos preços internos da gasolina.

Já Antonio Padua Rodrigues, diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), afirma que a alta é um movimento normal de mercado, que está com a demanda bastante aquecida.

Diferentemente do que ocorre com os valores da gasolina e do diesel, o preço do etanol não sofre nenhum tipo de regulação ou política institucional e oscila livremente. O setor também é pulverizado em centenas de empresas que concorrem entre si e não há um grupo econômico majoritário capaz de influenciar o preço final, como ocorre no caso da Petrobras no segmento de petróleo.  

Área interna da usina da pedra em Serrana região de Ribeirão Preto
Área interna da usina da pedra em Serrana região de Ribeirão Preto - Silva Junior - 18.jun.2014/Folhapress

O setor já caminha para a colheita da parte final da cana —resta um terço— e, diante de uma oferta aquecida, os ajustes vão ser feitos via mercado, segundo o diretor da Unica.

A safra 2019/20 de cana-de-açúcar tem um foco mais alcooleiro do que açucareiro. A demanda interna tem permitido às usinas valores melhores para o etanol do que para o açúcar, devido ao preço fraco deste no mercado externo.

Os dados mais recentes da Unica indicam que, de cada 100 toneladas de cana colhidas na região centro-sul neste ano, pelo menos 64,5 delas vão para a fabricação do combustível.

A boa oferta de etanol hidratado, apesar da forte demanda, tem mantido os preços do combustível favoráveis aos consumidores.

No estado de São Paulo, um dos principais produtores de cana e do combustível, os preços do etanol correspondem a apenas 64,4% dos da gasolina. Pesquisa indica que, quando essa relação fica abaixo de 70%, a utilização do etanol hidratado é mais vantajosa do que a da gasolina.

Em algumas cidades paulistas essa relação é ainda mais favorável. Os consumidores de Adamantina e de Dracena pagam apenas 57% e 59,7%, respectivamente, pelo álcool, em relação aos valores da gasolina.

Cálculos da Unica mostram que 50% da frota brasileira de veículos está localizada em municípios com paridade de preços entre etanol hidratado e gasolina abaixo de 67%.

As vendas acumuladas de etanol nesta safra somam 14,2 bilhões de litros. Deste volume, 9,9 bilhões são de álcool hidratado. Essas negociações superam em 18% as de igual período do ano passado. A safra de cana 2019/20 teve início em abril.

Uma manutenção dessa alta de preços do etanol nas usinas, e consequente repasse para as bombas, pode mexer com a inflação. Do início de abril ao final de agosto, os preços do etanol tiveram queda de 7,2% para os consumidores paulistanos, conforme pesquisa de preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). No mesmo período, a gasolina teve alta de 1,3%.

A pesquisa diária de preços do etanol hidratado em Paulínia (SP), feita pelo Cepea, serve de base para a liquidação dos contratos futuros desse combustível na B3. Os preços não contêm impostos (ICMS e PIS/Cofins).

Ao registrar R$ 1,784 por litro nesta segunda-feira, o etanol interrompe um período de queda e retorna aos patamares de há um mês.

Estão longe, contudo, do maior valor registrado pelo combustível neste ano: R$ 2,1 por litro em abril.

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