Descrição de chapéu Financial Times

BC dos EUA injeta bilhões de dólares no sistema financeiro

Objetivo é aliviar o aperto no mercado de financiamento de curto prazo no país

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Financial Times

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, injetou bilhões de dólares no sistema financeiro americano a fim de aliviar um aperto dramático no mercado de financiamento de curto prazo no país.

O custo de captação de dinheiro em troca de títulos do Tesouro americano no mercado overnight por meio de acordos de recompra, conhecidos como "repos", disparou entre a tarde da segunda-feira (16) e a manhã de terça (17) para até 10%, uma alta de mais de 400%, de acordo com dados da Refinitiv.

Os "repos" são uma forma importante de captação de fundos de curto prazo, por meio de compra e venda de títulos sob acordos de prazo muito curto. Eles servem como um lubrificante vital para o sistema financeiro.

O Federal Reserve em Washington, Estados Unidos - Leah Millis/Reuters

O aperto súbito do mercado causou um problema para o Fed exatamente no momento em que as autoridades de política monetária estavam reunidas em Washington para decidir sobre as taxas de juros.

A disparada na taxa de "repo" influenciou a taxa de fundos federais, a principal ferramenta de política monetária do banco central. Ela arrastou a taxa de fundos federais para 2,25%, o topo da faixa de flutuação definida pelo Conselho Federal de Open Market do Fed.

Em resposta, o Fed de Nova York, que conduz operações de mercado para a instituição, declarou na terça-feira que lançaria uma operação rara "a fim de ajudar a manter a taxa de fundos federais dentro da faixa projetada".

O Fed de Nova York colocou um máximo de US$ 75 bilhões (R$ 307,4 bilhões) à disposição em um leilão de "repo", no qual o Fed aceita títulos do Tesouro e outros como caução e em troca oferece dinheiro para lubrificar o sistema.

O Fed de Nova York teve de cancelar a operação, na primeira tentativa, devido a "questões técnicas". No segundo esforço, os "dealers" primários —grandes bancos que agem como contrapartes em transações com o Fed— obtiveram US$ 53 bilhões (R$ 217,2 bilhões) do banco central.

A operação parece ter tido sucesso em firmar os mercados monetários. A taxa de "repo" caiu para cerca de zero pouco depois que o Fed anunciou a manobra.

Analistas disseram que a compressão do mercado de "repo" foi causada por fatores técnicos e não por questões sistêmicas como as que propeliram os juros a uma alta muito maior durante a crise financeira.

Eles disseram que o mercado foi afetado por uma retirada de dinheiro por empresas, para pagamento de impostos. O excedente de títulos do Tesouro, usados na ponta oposta das transações, criou um desequilíbrio que causou a disparada da taxa de "repo".

Ashish Shah, copresidente de investimento de renda fixa na Goldman Sachs Asset Management, descreveu os movimentos do mercado de "repo" como "muito importantes".

"Quando coisas como essas acontecem, isso faz com que cresça a incerteza, e surgem temores nos mercados de renda fixa. E é trabalho dos bancos centrais evitar isso", ele disse.

Alguns analistas apontaram para uma explicação estrutural para a alta acentuada da taxa no mercado de "repo". O Fed vem reduzindo o tamanho de seu balanço, o que também reduz o montante de reservas bancárias detidas no Fed, e isso limita o caixa disponível para pagamentos em curto prazo.

"Acreditamos que o culpado seja a escassez de reservas bancárias, que são o único ativo que oferece liquidez aos bancos ao longo do dia", disse a TD Security. "As reservas estão em declínio desde 2014, e antecipamos que cairão ainda mais à medida que crescer o saldo de caixa do Tesouro e a moeda em circulação".

Tradução de Paulo Migliacci

Adam Samson , Joe Rennison , Colby Smith e Robin Wigglesworth
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.