Central sindical dos EUA convoca 1ª greve geral contra GM desde 2007

Trabalhadores pedem salários maiores e que montadora interrompa fechamento de fábricas em Ohio e Michigan

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Detroit | Reuters

A central sindical UAW (United Auto Workers, de trabalhadores da indústria de automóveis) convocou uma greve geral envolvendo cerca de 48 mil metalúrgicos da General Motors para esta segunda-feira (16), depois que as negociações sobre contrato de trabalho nos Estados Unidos chegaram a um impasse.

Negociadores da GM e do sindicato já retomaram as negociações. 

Trabalhadores da montadora faziam piquetes fora das fábricas da GM, exibindo placas declarando a greve. Durante a paralisação, os membros do sindicato receberão US$ 250 por semana do fundo de greve sindical.

A convocação de greve marca a primeira paralisação nacional na GM nos EUA em 12 anos.

Membros do UAW, empregados da planta de Flint, em Michigan, fazem protesto na manhã desta segunda-feira; a central sindical convou uma greve geral contra a GM
Membros do UAW, empregados da planta de Flint, em Michigan, fazem protesto na manhã desta segunda-feira; a central sindical convocou uma greve nacional contra a GM - Jeff Kowalsky/AFP

"Não vamos tolerar isso", disse Terry Dittes, vice-presidente da UAW encarregado pelo relacionamento da entidade com a GM, a jornalistas em Detroit. "Este é nosso último recurso."

Em comunicado no domingo (15), a GM afirmou que sua oferta aos trabalhadores da UAW incluiu mais de US$ 7 bilhões em investimentos, 5.400 empregos, a maioria novos, aumentos de salário, benefícios melhores e ratificação de bônus contratual de US$ 8 mil. "Negociamos de boa fé e com senso de urgência", afirmou a montadora.

O principal negociador do UAW disse que a proposta veio apenas duas horas antes do prazo final da greve e culpou a montadora pela mobilização desta segunda.

"Se tivéssemos recebido essa proposta no início do processo, talvez fosse possível chegar a um acordo provisório e evitar uma greve", escreveu Terry Dittes em uma carta à GM no domingo.

A greve vai paralisar rapidamente as operações da GM na América do Norte e pode atingir a economia dos EUA. Uma paralisação prolongada também vai gerar dificuldade para os trabalhadores por causa da redução de salário durante a greve.

Os trabalhadores da GM fizeram uma greve em 2007 que durou dois dias durante negociações contratuais. A paralisação mais significativa ocorreu em Flint, no estado do Michigan, em 1998, que durou 54 dias e custou à montadora mais de US$ 2 bilhões.

Manifestação de trabalhadores em Flint, no estado do Michigan, na manhã desta segunda
Manifestação de trabalhadores em Flint, no estado do Michigan, na manhã desta segunda - Bill Pugliano/AFP

A UAW tem confrontado a GM para interromper o fechamento de fábricas de veículos em Ohio e Michigan, além de uma instalação de montagem em Detroit. O sindicato afirma que os metalúrgicos merecem salários maiores depois de anos de lucro recorde da montadora na América do Norte.

A GM argumenta que os fechamentos das fábricas são respostas necessárias às mudanças no mercado e que os salários e benefícios do UAW são caros em comparação com as fábricas de automóveis não sindicais concorrentes nos estados do sul dos EUA.

A greve vai testar tanto a UAW quanto a presidente-executiva da GM, Mary Barra, em um momento em que a indústria de veículos americana está enfrentando desaceleração de vendas e aumento de custos com o desenvolvimento de veículos elétricos.

Kristin Dziczek, vice-presidente de indústria, trabalho e economia do Centro de Pesquisa Automotiva, afirmou que greve vai também causar fechamentos de unidades no Canadá e no México por causa do alto nível de integração da produção. "Isso terá um efeito grande sobre a economia", disse.

A GM tem 12 fábricas de veículos, 12 fábricas de motores e transmissões e uma série de outras instalações como estamparia nos EUA.

A UAW definiu a GM como primeira montadora com quem quer concluir negociações trabalhistas.

A greve tornou-se rapidamente uma questão política, pois tanto o presidente dos EUA, Donald Trump quanto os democratas, que querem derrubá-lo em 2020, opinaram. Trump e os democratas veem os votos dos membros do UAW no Centro-Oeste como críticos para a vitória.

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