Copom reduz taxa básica de juros para 5,50% ao ano e fala em novos cortes

Foi o segundo corte anunciado na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL)

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São Paulo

O Banco Central anunciou nesta quarta-feira (18) um novo corte na taxa básica de juros. Em decisão unânime do Copom (Comitê de Política Monetária), a Selic caiu de 6% para 5,50% ao ano.

Esse é o menor patamar desde que a taxa passou a ser utilizada como instrumento de política monetária, em 1999. Foi também o segundo corte anunciado na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

No comunicado da decisão, o BC reduziu projeções de inflação e indicou que a alta do dólar não impedirá novos cortes de juros, o que foi interpretado pelo mercado como sinal de que a Selic pode cair abaixo de 5% ao ano.

Em julho, o Copom cortou a taxa de 6,50% para 6% ao ano, logo após a aprovação da reforma da Previdência na Câmara, e afirmou que faria novas reduções.

O novo corte de 0,5 ponto percentual já era esperado pelo mercado, de acordo com a pesquisa Focus do BC.

Em seu comunicado, o Copom reafirmou que a economia se recupera lentamente e que é necessária uma política monetária que estimule a atividade.

“O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo [a taxa básica]”, diz o comunicado.

A expectativa dos analistas é de outra redução dos juros, para 5% ao ano, na reunião do Copom marcada para os dias 29 e 30 de outubro. Algumas instituições projetam que a Selic possa chegar a 4,50% no último encontro do comitê neste ano, em 10 e 11 de dezembro.

Outro destaque do comunicado foram as projeções de inflação. O Copom diz que, mantida a taxa de câmbio e considerando a expectativa do mercado de queda dos juros para 5% ao ano, a inflação ficará em torno de 3,4% neste ano, abaixo da meta de 4,25% (com variação de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima).

Para 2020, cuja meta é de 4%, o comitê projeta inflação de 3,8% nesse cenário.

Em relação ao cenário internacional, o Copom afirma que a adoção de “estímulos monetários adicionais nas principais economias, em contexto de desaceleração econômica e de inflação abaixo das metas, tem sido capaz de produzir ambiente relativamente favorável para economias emergentes”.

A afirmação foi vista como sinal de que, neste momento, a desaceleração da economia mundial não impedem o BC brasileiro de seguir cortando juros.

“Entretanto, o cenário segue incerto e os riscos associados a uma desaceleração mais intensa da economia global permanecem”, afirma o Copom.

O BC afirma que uma eventual frustração em relação à continuidade das reformas e à “perseverança nos ajustes necessários na economia brasileira” pode afetar a trajetória da inflação.

“O risco se intensifica no caso de deterioração do cenário externo para economias emergentes”, diz a instituição.

A nova rodada de cortes da taxa básica se dá em um contexto de fraco de crescimento da economia, inflação abaixo da meta, desemprego elevado e queda de juros em países desenvolvidos e emergentes.

A depreciação recente do real em relação à moeda norte-americana é um dos riscos para a política monetária, mas a avaliação do mercado é que não haverá repasses significativos para os preços.

A expectativa de normalização da produção de petróleo na Arábia Saudita também afasta o risco de que uma eventual alta dos combustíveis contamine o índice de preços, que acumula alta de 3,43% em 12 meses, para uma meta de 4,25%.

Mais cedo, o Federal Reserve (banco central dos EUA) também anunciou um novo corte de juros, de 0,25 ponto percentual.

Com isso, a diferença entre as taxas nos dois países caiu a 3,50 pontos percentuais, patamar inédito desde que a Selic passou a ser instrumento de política monetária do BC.

Nos últimos dois anos, o diferencial de juros caiu mais de 40%, enquanto o risco país recuou cerca de 15%.

A taxa básica serve de referência para as operações com títulos públicos e para o mercado interbancário. Nos empréstimos bancários para pessoas físicas e empresas, as taxas médias estão em 44% e 19% ao ano, respectivamente, de acordo com o Indicador de Custo do Crédito do BC para o mês de julho.

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