Dólar volta a subir e vai a R$ 4,10

Investidores operam com cautela à espera de cortes de juros; Ibovespa tem leve alta e volta aos 103 mil pontos

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São Paulo

O real voltou a perder força contra o dólar nesta segunda-feira (9), à medida que investidores aguardam com cautela a reunião do banco central europeu (BCE) e a divulgação da inflação americana nesta semana.

Dentre as divisas emergentes, a moeda brasileira foi a que mais se desvalorizou na sessão, com alta de 0,44% na cotação do dólar, a R$ 4,10. Na sexta, a moeda americana fechou abaixo de R$ 4,10 pela 1ª vez desde que atingiu o patamar em agosto

A Bolsa brasileira operou descolada e teve leve alta de 0,23%, a 103.180 pontos, maior patamar desde 18 de agosto.

Nesta quinta (12), o BCE define a política monetária da Europa. A taxa básica de juros na região é negativa (-0,4%) e economistas acreditam que ela deva cair 0,1 ponto percentual e ir para -0,5%. A redução é uma forma de estímulo a economia, que tem desacelerado. 

Também se espera o corte nos juros americano, de 0,25 ponto percentual na reunião de 18 de setembro. A decisão do Fed pode ser impactada pela divulgação dos Estados Unidos em agosto, caso o número venha mais forte ou fraco que o esperado. 

A política monetária é uma forma de controlar a inflação do país, com queda ou aumento de juros.

"Os emergentes ainda estão pagando pela conjunção econômica mundial e sofrendo com a saída de capital para [proteção em] dólar. Aqui no Brasil temos cada dia mais o sinal de uma economia estagnada com revisões para redução do PIB para 2020 e tendência a deflação, o que mostra a baixa atividade econômica", afirma Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio e sócio da Frente Corretora.

O economista cita as revisões do Boletim Focus, do Banco Central. Nesta segunda, o documento aponta que o mercado reduziu sua estimativa de crescimento da economia brasileira em 2020 para 2,07%, ante os 2,10% registrados na semana passada. A projeção para a inflação também foi cortada pela quinta semana consecutiva.

Alguns dos principais bancos do país, como Itaú e Bradesco, e consultorias já estimam que a alta do PIB (Produto Interno Bruto) não deverá chegar nem a 2% no próximo ano, com o país chegando ao quarto ano de crescimento pífio.

Victor Cândido, economista e sócio da Journey Capital, ressalta que a alta do dólar no Brasil se deve a liquidez e juros baixos do mercado doméstico.

"Se você é um investidor que investe grande em emergentes, você precisa fazer hedge da sua posição. Dependendo dos mercados, o hedge é difícil porque não existe um mercado líquido o suficiente. Como o Brasil tem um mercado muito líquido, os investidores protegem as posições aqui", afirma Cândido.

Ele pontua que, com a Selic a 6%, o custo do real é baixo, já que juros são o custo do dinheiro ao longo do tempo. Ou seja, é barato operar com real.

Outro ponto que impactou os mercados foi a queda das exportações da China em agosto, com as remessas para os Estados Unidos desacelerando de forma acentuada, mostram dados alfandegários divulgados neste domingo (8).

No mês, as exportações caíram 1% em relação ao ano anterior, a maior queda desde junho, quando elas caíram 1,3%. Analistas esperavam um aumento de 2% em pesquisa da Reuters após o aumento de 3,3% em julho.

O envio de produtos para os Estados Unidos caiu 16% em relação a um ano antes, após uma queda de 6,5% em julho. As importações dos EUA caíram 22,4%.

A piora na balança comercial veio apesar das expectativas dos analistas de que a desvalorização do yuan compensaria alguma pressão de custo.

A China deixou sua moeda desvalorizar em agosto além do nível 7 yuans por dólar pelo primeira vez desde a crise financeira global, o que os EUA rotularam como manipulação cambial. No momento, um dólar equivale a 7,12 yuans.

O mercado espera-se que Pequim anuncie mais medidas de apoio nas próximas semanas, além da nova redução no compulsório anunciada na sexta (6), para evitar o risco de uma desaceleração econômica ainda maior, enquanto os Estados Unidos aumentam a pressão comercial.

Com a expectativa de estímulo à economia chinesa, o índice CSI 300, que reúne as Bolsas de Xangai e Shenzhen subiu 0,62%. 

Nos Estados Unidos, o mercado teve desempenho misto, à espera da reunião do BCE e do ídice de inflação americana, ambos na quinta (12). 

O índice Dow Jones teve leve alta de 0,14%, S&P 500 se manteve estável e Nasdaq recuou 0,2%.

No Brasil, a Bolsa chegou a superar os 104 mil pontos, mas acompanhou o mercado americano e perdeu força ao fim do pregão. O Ibovespa, maior índice acionário do país, subiu 0,23%, a 103.180 pontos.

As maiores altas do índice ficaram por conta das siderúrgicas, que se beneficiaram da alta do contrato futuro do minério de ferro na China, que subiu 4% com a expectativa de estímulos a economia chinesa.

Com a recuperação da matéria-prima, a Usiminas teve alta de 8% e Suzano, de 6,7%. As ações preferenciais da Gerdau subiram 5,5%. 

Por outro lado, as varejistas tiveram fortes quedas. B2W caiu 5,6% e Via Varejo e Magazine Luiza, 5% cada.

“O investidor realizou lucros e trocou de posição, saindo de ações que dependem da economia do Brasil para ativos mais líquidos, que dependem de commodities”, afirma Rafael Passos, analista da Guide Investimentos.

Cyrela e B3 também fecharam em queda. A construtora caiu 6,4% e B3, 4,5%.

“O investidor realizou lucros e trocou de posição, saindo de ações que dependem da economia do Brasil para ativos mais líquidos, que dependem de commodities”, diz Passos. 

(Com Reuters)

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