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Facebook lança serviço de namoro online nos EUA e desafia Tinder

Entrada da plataforma de mídia social no mercado americano deve despertar questões sobre privacidade de dados

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Camilla Hodgson
San Francisco | Financial Times

O Facebook está lançando seu serviço de paquera nos Estados Unidos, apostando em que seu conhecimento profundo sobre as preferências e hábitos dos usuários ajudará os solteiros a encontrar o amor.

A maior plataforma mundial de mídia social, na qual mais de 200 milhões de usuários se descrevem como solteiros, disse que o Facebook Dating seria lançado nos Estados Unidos quinta-feira, para ajudar os solteiros a iniciar "relacionamentos significativos com base em coisas que eles tenham em comum".

A companhia disse que esperava que o serviço de adesão opcional desse às pessoas "uma oportunidade de ver como alguém realmente é", ao permitir que usuários integrem interesses, grupos, eventos e fotos ligados ao seu perfil de Facebook.

O lançamento de uma alternativa controlada pelo Facebook a populares apps de encontros como o Tinder e o Bumble deve causar debate, no entanto, porque a companhia continua a enfrentar preocupações cada vez maiores sobre a maneira pela qual administra os dados de seus usuários.

O Facebook Dating, lançado inicialmente na Colômbia no ano passado, pede a usuários que criem um perfil separado para encontros, ainda que o recurso funcione dentro do app clássico do Facebook para celulares. Os usuários escolhem que fotos e detalhes pessoais de seu perfil regular de Facebook incluir, ainda que seu prenome e foto sejam obrigatórios e não possam ser alterados. No Brasil, o serviço foi lançadono final de abril. 

Os interessados em encontros também podem acrescentar grupos e eventos individuais de Facebook aos seus perfis, o que permitiria que vissem outros solteiros - que tenham feito o mesmo e atendam às suas preferências - com plano semelhantes.

Pessoas que estão na lista de amigos do usuário não são sugeridas para possíveis encontros. Mas o app tem um recurso chamado "Secret Crush" que permite que usuários selecionem até nove pessoas, entre seus amigos de Facebook, que receberão uma notificação - caso tenham optado por participar do Facebook Dating - de que um amigo não identificado se interessa por eles. Se uma das pessoas escolhidas adicionar o amigo à sua lista de "Secret Crushes", os dois recebem uma notificação.

Em lugar do sistema com jeito de jogo usado em apps como o Tinder e o Bumble - sob o qual o usuário desliza a tela para a direita ou para a esquerda para demonstrar que está ou não interessado em alguém, o Facebook pede que as pessoas cliquem "sim" ou "não diante de possíveis parceiros, que aparecem em uma lista. Os usuários podem enviar "likes" ou mensagens às pessoas da lista mesmo que a pessoa não os tenha selecionado.

"Se alguém está interessado em você, você deve saber, porque é assim que funciona na vida real", disse Charmaine Hung, gerente de produto do Facebook Dating.

Coincidindo com o lançamento do serviço nos Estados Unidos, a empresa anunciou que os usuários do Dating em todo o mundo poderiam agora adicionar posts no Instagram a seus perfis. Pelo final do ano, os usuários poderão incluir histórias no Facebook e Instagram em seus perfis.

O ingresso do Facebook no mercado de encontros online dos Estados Unidos, que movimenta US$ 2,5 bilhões ao ano, o coloca em concorrência com empresas estabelecidas como o Match Group, que controla subsidiárias como Match.com, OkCupid e Tinder; o site de encontros eharmony, lançado em 2000; e apps mais novos como Hinge e The League.

As ações do Match Group fecharam em queda de 4,6% na quinta-feira.

De acordo com a Marketer, o número de adultos que usam apps de encontros nos Estados Unidos chegará a 25 milhões em 2019, ainda que o total tenha começado a se estabilizar depois de anos de vigorosa expansão. O Tinder continua a ser o app de encontros mais popular dos Estados Unidos —o serviço de análise de dados Statista estima que ele tinha 8,5 milhões de usuários no país em março de 2019. O Facebook não revela o número atual de usuários do Dating.

Mas ainda resta determinar se os usuários do Facebook nos Estados Unidos se disporão a dar à plataforma acesso a detalhes íntimos sobre sua vida amorosa. Desde o escândalo de dados da Cambridge Analytica, a empresa vem enfrentando uma barragem de críticas relacionadas à privacidade de usuários e a como usa os dados de usuários que recolhe.

A companhia afirmou na quinta-feira que "segurança, proteção e privacidade vêm em primeiro lugar nesse produto", e que os dados recolhidos do Dating seriam mantidos separado de outras informações do Facebook. Os dados sobre encontros não serão compartilhados com anunciantes, empresas de publicidade ou outras equipes internas do Facebook, a empresa acrescentou.

O Facebook disse que o Dating, ativo em 20 países, entre os quais os Estados Unidos, estaria disponível na Europa a partir do começo de 2020.

Financial Times, tradução de Paulo Migliacci

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