Google muda algoritmo e prioriza notícias originais na busca

Criticado pela receita que obtém pelo conteúdo de terceiros, empresa diz que medida apoia trabalho da indústria jornalística

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O Google anunciou nesta quinta-feira (12) mudanças no algoritmo que determina a classificação de notícias no seu sistema de busca. Passa a priorizar veículos que tenham publicado a história primeiro —o furo, no jargão jornalístico.

A empresa, que ao longo dos últimos anos atraiu parte significativa do anúncio publicitário do jornalismo, afirmou em publicação no seu blog oficial que a medida visa apoiar o trabalho das organizações jornalísticas.

A mudança é uma forma de tentar garantir que a receita de anunciantes seja direcionada às companhias que investiram no trabalho de reportagem. A medida também é um aceno às empresas de mídia que há anos demandam do Google repasse pela verba que ele obtém a partir do conteúdo de terceiros indexado em seu site.

Logo do Google; empresa mudou algoritmo para evidenciar furos jornalísticos na busca
Logo do Google; empresa mudou algoritmo para evidenciar furos jornalísticos na busca - AFP

O impasse já levou, há cerca de sete anos, os principais jornais brasileiros a deixarem a área Google Notícias. Hoje eles estão na plataforma. 

A reordenação, segundo o Google, vai permitir que reportagens apuradas e publicadas por um jornal, site, blog ou revista permaneçam em destaque na primeira página da busca e não acabem escondidas pela repercussão que geram em outros veículos.

“Com isso, leitores interessados nas últimas notícias podem encontrar também a matéria que deu origem à cobertura subsequente. As empresas de jornalismo, por outro lado, se beneficiam de uma exposição mais ampla e prolongada de seu conteúdo original”, disse Richard Gingras, vice-presidente do setor de notícias da companhia.

Até então, o sistema de busca priorizava versões mais recentes ou abrangentes de um assunto, o que dificultava a busca do leitor pela notícia que deu origem à cobertura. 

Ao pesquisar Marcos Cintra (secretário da Receita demitido na quarta-feira), por exemplo, o leitor poderia encontrar a repercussão da demissão entre membros do governo e não a informação pioneira sobre sua demissão. 

Como há diferentes critérios para definições de reportagens originais em redações, a empresa deixa esse conceito em aberto. Diz que seu “trabalho terá de continuar evoluindo para compreendermos o ciclo de vida das matérias”.

O Google tem mais de 10 mil pessoas que avaliam o desempenho dos seus algoritmos. Entre as diretrizes a esses profissionais, orienta que destaquem “reportagens originais que contenham informações que, de outro modo, não seriam conhecidas sem a existência daquele artigo”.

Também pede que considerem a “reputação dos veículos”, como prêmios jornalísticos atribuídos a eles. Como exemplo de conteúdo original, cita o caso Panama Papers, divulgado primeiro pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung, e a cobertura da crise dos opioides nos Estados Unidos, feita pelo jornal americano The Washington Post. 

O algoritmo do Google leva centenas de fatores em consideração, entre eles a legitimidade de um site, a popularidade de um conteúdo e o horário da publicação —além de sinais como uso de palavras-chave que se aproximem do vocabulário médio do leitor e hiperlinks no texto.

A receita publicitária mundial do gigante americano em 2018 foi de US$ 116,3 bilhões, segundo análise de dados do portal alemão Statista. 

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.