Indústria perde dinamismo em quase todas as regiões, aponta IBGE

No acumulado dos últimos 12 meses, recuo industrial foi de 2,5% no país

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Rio de Janeiro

A indústria perdeu dinamismo em 13 dos 15 locais pesquisados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no mês de julho, divulgou a fundação pública nesta terça-feira (10). No acumulado dos últimos 12 meses, os resultados industriais recuaram 2,5%.

Na comparação com o mês de julho do ano passado, os principais registros negativos foram do Espírito Santo (-14,2%) e Pernambuco (-10,2%).

O estado capixaba recuou principalmente nas indústrias extrativas (-19,7%) e celulose. Já os pernambucanos observaram quedas em equipamentos de transporte (-74,5%) e outros produtos químicos (-42,2%).

Linha de produção de motores em fábrica da Ford em Taubaté (SP) - Diego Padgurschi - 25.abr.18/Folhapress

Entre julho de 2018 e julho de 2019, a indústria de celulose também teve números negativos significativos no Pará (-49,5%), região Nordeste (-14,5%) e Bahia (-11,5%). São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram outros estados com quedas nesse setor.

No período acumulado dos últimos 12 meses, sete dos quinze locais pesquisados pelo IBGE registraram recuos, informou o instituto nesta terça.

"Já se esperava uma queda e surpreendeu negativamente. A indústria brasileira está recuando em investimentos nas indústrias de transformação, que vem caindo. O problema é a indústria como um todo", analisou Cláudio Considera, pesquisador associado da FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).

"Os resultados regionais trazem muitas particularidades. Alguns estados foram bem, como Mato Grosso e Rio, no primeiro com a exploração da agropecuária, que puxa a produção industrial, e no segundo por causa do petróleo, a Petrobras aumentou a produção em um período recente", disse Considera.

Em comparação com junho deste ano, caíram os estados de Amazonas, Pará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Bahia, Santa Catarina e São Paulo, além da região Nordeste. 

"Em um quadro geral, São Paulo é o mais importante e é sempre preocupante, pois congrega o maior número de setores. E também a região Nordeste. Em ambos os casos, já são três meses negativos, e o Nordeste não vem tendo recuperação", disse Rafael Cagnin, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).

"O pior do setor extrativo passou, está parando de cair. Mas não voltou a crescer. Foi superado, estancou um processo muito ruim, mas que não teve nenhuma reversão", analisou Rafael Cagnin.

Apenas Ceará e Goiás registraram ganhos entre os dois períodos, de acordo com o IBGE.

Amazonas (-6,2%), que vinha de dois meses consecutivos de alta (com crescimento de 2,6%), e Pernambuco (-2,9%), com o terceiro resultado negativo seguido, registraram os maiores recuos de julho.

A região Nordeste recuou 2,6%, enquanto Rio Grande do Sul, Ceará, São Paulo, Bahia e Santa Catarina completam os locais com índices negativos em julho.

No acumulado de 2019, a redução na produção nacional chegou a 10 dos 15 locais pesquisados pelo IBGE e acompanharam a queda da indústria. 

Espirito Santo (-12,2%), pressionado pelo recuo nas indústrias extrativas e celulose, papel e produtos de papel, e Minas Gerais (-4,7%), pelas indústrias extrativas, foram os destaques negativos.

Mato Grosso, região Nordeste, Pará, Bahia, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas completam os locais com recuo na produção no acumulado do ano. 

A professora Juliana Inhasz, coordenadora da graduação em economia no Insper, ainda vê reflexos na indústria por causa do rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração em Brumadinho, em janeiro —a tragédia teve um saldo de 249 mortos e 21 desaparecidos, e é considerada o maior desastre ambiental brasileiro.

"Uma parte importante desse resultado nada agradável ainda se atribui à queda da produção de minério de ferro, comprometida desde a tragédia de Brumadinho. De fato, sendo o minério de ferro um dos principais produtos de nossa produção industrial (e de nossa pauta de exportações), a redução de sua produção compromete de maneira importante o resultado agregado, bem como a produção em áreas específicas. Além disso, várias cadeias produtivas que utilizam minério de ferro como insumo foram afetadas, o que faz com que o efeito seja amplificado", disse a professora.

Em julho de 2018, o setor industrial registrou queda de 2,5% e sete dos quinze locais pesquisados acompanharam a taxa negativa.

Já entre maio e julho e 2019, a indústria recuou 0,5%, queda menos intensa que dos primeiros quatro meses de 2019, ambas em comparação ao período idêntico de 2018.

Rio de Janeiro (6,8%) e Mato Grosso (5,5%) tiveram as maiores altas de julho de 2019, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal Regional do IBGE. Paraná, Goiás, Espírito Santo, Pará e Minas Gerais também registraram taxas positivas.

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