Macri faz mea culpa a empresários enquanto argentinos vão às ruas protestar

Presidente diz que Lacunza está devolvendo a 'calma e paz' ao país; oposição acompanha passeata

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Buenos Aires

No terceiro dia de relativa calma do dólar, que estacionou nos 57 pesos após decreto divulgado no último domingo (1º) estabelecendo um controle cambial, o presidente Mauricio Macri fez um "mea culpa" em reunião com empresários. 
 
Enquanto isso, porém, as ruas ferviam no centro de Buenos Aires. Mais de 30 organizações sociais cortaram a 9 de Julio, principal avenida da capital argentina, pedindo mais recursos para atender os pobres, que correspondem a 32,5% da população.
 
Macri fez um discurso de 15 minutos no hotel Sheraton, no bairro de Retiro, em que admitiu ter "cometido erros". Porém, assinalou que as medidas tomadas pelo ministro Hernán Lacunza —há duas semanas no cargo— estavam devolvendo "a calma e a paz" ao país. 
 
No momento em que citou o nome de Lacunza, houve forte aplauso dos empresários. Macri acrescentou: "obrigada pelo apoio que vocês têm dado a ele".

Na audiência, estavam nomes importantes do empresariado,  como Paolo Rocca (presidente da Techint, conglomerado dedicado a construção, engenharia e energia), Cristiano Rattazzi (presidente da Fiat na Argentina) e Héctor Magnetto (publisher e presidente do Grupo Clarín).
 
A poucos metros dali, porém, mesmo com a baixa temperatura do inverno, o número manifestantes aumentava. Sindicatos ou piqueteiros não marcaram presença, o que dava um ar familiar ao protesto. Família inteiras vieram da periferia da cidade, com bebês de colo, sacolas e mochilas com lanches e garrafas térmicas com chá-mate, para aguentar as longas horas no frio.
 
Às 16h30, as lideranças dos movimentos anunciaram, em conjunto, que não tinha fechado um acordo com o governo e, por isso, tinham decidido acampar na rua até às 10h da quinta-feira (5).
 
As barracas foram sendo armadas, e as famílias se organizando para acomodar as crianças, enquanto jovens e adultos soavam tambores.
 
Um dos principais líderes, Juan Grabois, do movimento Trabalhadores Excluídos, ligado ao kirchnerismo, disse que há "falta leite nas escolas" e pediu que o governo acione a Lei de Emergência Alimentar —que permitiria dar mais recursos para planos de assistência social. 
 
"Se o dólar aumenta ou não num dia, isso é notícia nacional, mas se as crianças não estão comendo, nada acontece", acrescentou Grabois.
 
"Os pobres não compram dólar, apenas sentem os efeitos de quem se beneficia dessas medidas. Os alimentos seguem aumentando de preço, e muitas mercadorias já não estão chegando aos mercados."

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