Metalúrgicos suspendem greve na fábrica da Embraer em São José dos Campos

De acordo com o sindicato da categoria, a suspensão se deu devido à repressão policial

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Ribeirão Preto

Os metalúrgicos suspenderam na manhã desta quarta-feira (25) a greve na fábrica da Embraer em São José dos Campos, no Vale do Paraíba.

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, a suspensão se deu devido à repressão policial em frente à porta da fábrica, na avenida Faria Lima.

Policiais em frente à fábrica da Embraer em São José dos Campos
Policiais em frente à fábrica da Embraer em São José dos Campos - REUTERS

Conforme o sindicato, no início da manhã os metalúrgicos haviam decidido em assembleia continuar a paralisação, iniciada nesta terça-feira (24), mas a situação mudou quando os empregados do setor administrativo chegaram para trabalhar.

Ainda de acordo com a entidade sindical, policiais fizeram um corredor polonês para que os funcionários entrassem na fábrica. Com o cenário —que teria incluído agressões sofridas por sindicalistas—, a associação da classe informou ter orientado os trabalhadores de todas as áreas a entrarem na fábrica.

A Polícia Militar informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que foi acionada por funcionários da Embraer que queriam ingressar na empresa e estavam sendo impedidos por sindicalistas. Por isso, foi feito contato da PM para mediar a situação e liberar a entrada, sem sucesso.

"Não alcançando êxito foi necessária a intervenção policial para preservação da ordem pública", diz trecho de comunicado da polícia. Um sindicalista foi detido por desobediência e resistência, ocorrência que está sendo apresentada na PF (Polícia Federal) de São José dos Campos.

"A Polícia Militar é uma instituição legalista e trabalha para preservar o cumprimento dos direitos fundamentais, respeitando e garantindo todos os direitos, inclusive o direito de greve e o direito de ir e vir dos funcionários", diz a PM.

Já a fabricante de aviões disse que não há mais bloqueio nas portarias e que a fábrica opera com 100% da força de trabalho. 

"A negociação segue em andamento entre sindicatos, no âmbito da Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo]. A última proposta apresentada contempla um reajuste salarial de 3,28% relativo à inflação do período, o qual a empresa já adiantou neste mês, por liberalidade, para todos os funcionários", informou a Embraer.

A empresa informou ainda que a decisão “ocorreu após os funcionários do primeiro turno e do administrativo entrarem normalmente para o trabalho pela manhã, não aderindo às manifestações”.

Já os metalúrgicos cobram reajuste salarial de 6,37% e manutenção de cláusulas do contrato de trabalho. “O sindicato defende a continuidade das negociações, desde que tenham avanços na proposta patronal”, diz a entidade.

Segundo o sindicato, a Embraer insiste na liberação da terceirização dentro da fábrica porque a Boeing tem interesse em acabar com a cláusula. 

O movimento ocorre em um momento em que a norte-americana Boeing tenta selar a compra do controle da divisão de jatos comerciais da Embraer, que inclui a fábrica de São José dos Campos, onde os aviões são montados. No começo da semana, fontes próximas do assunto afirmaram à Reuters que uma investigação antitruste da União Europeia pode levar até cinco meses para avaliar o negócio.

"A truculência da PM a mando da empresa é um crime contra o direito à livre organização sindical e ao direito constitucional de greve. A paralisação foi suspensa, mas a luta dos trabalhadores continua e a greve pode voltar a qualquer momento”, afirmou o diretor do sindicato Herbert Claros.

Na véspera, um grupo de cerca de 30 policiais militares foi chamado para a portaria da fábrica para permitir a entrada de trabalhadores que queriam furar a greve. Os policiais usaram gás de pimenta para dispersar os manifestantes, segundo uma testemunha da Reuters.

A Embraer informou que as unidades de Eugênio de Melo e EDE, em São José dos Campos, além de Botucatu, Campinas, Gavião Peixoto, Sorocaba e Taubaté funcionam normalmente.

Com Reuters

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.