O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, disse nesta segunda-feira (2) que a fala do diplomata americano Robert L. Strayer sobre o perigo das tecnologias das empresas chinesas na rede 5G faz parte de uma narrativa de arrogância e ignorância.
“Essa narrativa se deve ou a arrogância e ignorância ou a uma calúnia mal intencionada”, disse Wanming a jornalistas após participar de uma reunião da Cosag (Conselho Superior do Agronegócio) da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Seu comentário foi feito após ser questionado sobre entrevista da Folha deste sábado (31) com o diplomata americano.
Na publicação, o vice-secretário assistente de Estado dos EUA para comunicações internacionais e cibernéticas, Robert L. Strayer, alertou que caso o Brasil inclua empresas chinesas de tecnologia, como a Huawei, em sua rede 5G, os americanos podem reavaliar o compartilhamento de informações que mantém com o país.
Na avaliação do embaixador chinês esse discurso tem por objetivo conturbar a cooperação econômica e comercial entre a China, Brasil e outros países.
“Essa prática [dos americanos] é uma óbvia ameaça, intimidação e chantagem. É uma interferência brutal contra um país soberano", afirmou o embaixador.
E acrescentou: "Os EUA ainda estão adotando a mentalidade da doutrina Monroe na relação com os países latino-americanos."
Adotada pelos americanos no século 19, pregava um forte nacionalismo baseado na expressão "A América para os Americanos", com a intenção de se opor às pretensões coloniais da Europa. Posteriormente, ela abriu espaço para justificar intervenções dos Estados Unidos na América Latina e Caribe.
Para Wanming, os americanos que questionam a segurança cibernética chinesa são justamente os mesmos que já tiveram condutas questionáveis nessa área.
“Os Estados Unidos mantêm um histórico muito negativo e já realizaram um maciço monitoramento e gravações contra países como o Brasil, o que fere a segurança e a privacidade dos países.”
As acusações das autoridades americanas contra a Huawei sobre roubo de propriedade intelectual, segundo o embaixador, são infundadas porque a companhia sempre respeitou as leis dos países e não há prova de que a empresa ameace a segurança dos países.
“A prática dos EUA de oprimir as empresas de tecnologia da China, como a Huawei, é sem fundamento e está baseada na sua fantasia. Tal prática é muito perversa”, afirmou.
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