Oi negocia venda de segmento móvel para TIM e Telefônica Brasil, diz agência

Companhia brasileira enfrenta dificuldades desde que entrou com pedido de recuperação judicial em junho de 2016

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São Paulo | Reuters

A Oi está em negociações com a espanhola Telefónica e com a Telecom Itália para vender seu negócio de telefonia móvel, a fim de evitar uma liquidação, disseram à agência Reuters cinco pessoas com conhecimento do assunto.

A Oi tem enfrentado dificuldades para se reerguer desde que entrou com pedido de recuperação judicial em junho de 2016 para reestruturar uma dívida de aproximadamente R$ 65 bilhões.

A maior operadora de telefonia fixa do Brasil espera levantar mais de R$ 10 bilhões com a venda do segmento móvel, de acordo com duas das fontes, que falaram na condição de anonimato porque as negociações são confidenciais.

Oi contava com uma base de cerca de 35 milhões de clientes em telefonia móvel em 30 de junho
Fachada de uma loja da Oi em São Paulo - Paulo Whitaker - 10.jan.2019/Reuters

A Oi contava com uma base de cerca de 35 milhões de clientes em telefonia móvel em 30 de junho, de acordo com o balanço do segundo trimestre.

Os recursos provenientes da venda do negócio seriam usados para fortalecer o serviço de banda larga conhecido como "fiber-to-the-home", considerado chave para o crescimento da companhia, conforme plano estratégico divulgado em julho.

A empresa atualmente tem 360 mil quilômetros de fibra em todo o país, uma infraestrutura que é também utilizada pelas outras operadoras.

A Oi também entrou em conversas preliminares com a americana AT&T e outra empresa chinesa, visando atrair participantes que ainda não operam no maior mercado da América Latina, outras duas fontes disseram.

Representantes da Oi, da AT&T e da subsidiária brasileira da Telefónica recusaram-se a comentar o assunto, enquanto uma porta-voz da Telecom Italia negou que "qualquer negociação esteja em andamento com a Oi".

O jornal espanhol "El Confidencial" informou na segunda-feira (16) que a Telefónica estaria analisando uma potencial compra da Oi. Segundo a publicação, a companhia de telefonia espanhola teria contratado um banco para assessorar compra parcial ou total da Oi.

Novos entrantes não enfrentariam o mesmo desafio antitruste que as companhias já presentes no país teriam que encarar.

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e a agência reguladora do setor de telecomunicações, Anatel, podem resistir à venda da unidade de telefonia móvel da Oi para uma ou duas operadoras que já atuam no mercado brasileiro, afirmaram duas das fontes.

Cade e Anatel não responderam aos pedidos de comentário.

Embora as negociações em andamento estejam focadas no segmento móvel, a venda de toda a Oi não é descartada, uma das fontes acrescentou, ainda que tal acordo seja menos provável.

Desde que entrou com pedido de recuperação judicial, a base de clientes móveis da Oi encolheu mais de 20% e a companhia vem queimando caixa para expandir o serviço de fibra FTTH.

Ao fim de junho deste ano, a posição de caixa da companhia era de cerca de R$ 4,3 bilhões, quase R$ 2 bilhões abaixo do previsto em seu plano de reestruturação, segundo outra fonte.

Sem caixa para manter as operações, a Oi poderia deixar milhões de brasileiros sem serviço ou forçar a Anatel a intervir, criando um fardo adicional para o governo em um momento de profundo desarranjo das contas públicas.

Em relatório publicado na quarta-feira (18), a Fitch calculou que podem faltar cerca de R$ 7 bilhões para Oi até 2021 devido ao intensivo gasto de capital.

"A Oi depende de venda de ativos e mudanças regulatórias no curto prazo para financiar sua transição para um modelo de negócios sustentável", informou a agência de classificação de risco.

A Oi contratou o Bank of America para assessorar na venda de ativos não essenciais em janeiro, e duas das fontes disseram que o banco agora está assessorando também a venda de operações chave.

Bank of America disse que não comentaria o assunto.

ROTAS ALTERNATIVAS

Enquanto negocia a venda da operação móvel, a Oi também avalia alternativas de curto prazo para captação de recursos, observaram as fontes, incluindo a emissão de até R$ 3 bilhões em dívida garantida pela futura venda de ativos.

A empresa ainda vem se esforçando para acelerar a venda da participação que detém na Unitel para alguns dos atuais acionistas da operadora angolana, o que permitiria a captação de cerca de US$ 1 bilhão, ajudando também a destravar o pagamento de dividendos.

A Oi também considera um aumento de capital ou rodada de financiamento por parte dos seus acionistas, o que daria mais espaço para administrar os passivos de curto prazo.

Uma das fontes com conhecimento direto das operações da Oi afirmou que o atual presidente da companhia, Eurico Teles, e alguns dos acionistas se opõem à venda da unidade móvel, já que isso deixaria a empresa fora da corrida pela implementação da futura geração de rede móvel 5G.

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