Petroleiros dizem que podem negociar com Petrobras, mas ainda sinalizam greve

Negociações entre a categoria e a estatal estão sendo mediadas pelo TST

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Rio de Janeiro

A FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) afirmou nesta sexta (27) estar disposta a negociar com a Petrobras mas reforçou ameaça de paralisação caso a empresa não prorrogue a vigência do acordo coletivo de trabalho até que haja um acordo.

As negociações entre a categoria e a estatal estão sendo mediadas pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho). As duas partes têm que responder até o dia 30 se aceitam proposta de acordo apresentada pelo tribunal.

Nesta sexta, a FNP enviou ofício ao TST afirmando que não levará a proposta do mediador a assembleia enquanto os termos não forem confirmados pela Petrobras e pedindo mais prazo para negociar, repetindo estratégia adotada pela FUP (Federação Única dos Petroleiros) na quinta (26).

Refinaria da Petrobras em Cubatão, São Paulo - Paulo Whitaker 24.fev.2015/Reuters

No tribunal, existe a preocupação de que os sindicatos estejam forçando o impasse para justificar uma greve com motivação política contra a venda de refinarias da empresa. O caso foi levado para apreciação do Ministério Público do Trabalho.

"Faz-se necessário que a empresa indique se aceita ou não a proposta desta vice-presidência para que as entidades sindicais considerem movimentar toda a estrutura necessária para a realização de assembleias e, também, assegurar o comparecimento da categoria", diz o documento entregue pela FNP.

O tribunal entende que as assembleias deveriam ter sido realizadas antes do prazo para resposta. A FNP pede ainda mudança no cronograma proposto pelo tribunal, que dá aos sindicatos a responsabilidade de decidir primeiro.

"A proposta do TST não atende à categoria", afirmou, em vídeo, o secretário-geral da FNP, Adaedson Costa. "Sempre estamos dispostos a manter a negociação do acordo, diferentemente da Petrobras, que não mudou uma vírgula na proposta", continuou.

Ele reforça, porém, que a categoria já aprovou paralisação em caso de perda de benefícios concedidos no acordo atual. A Petrobras diz que não prorrogará novamente o prazo do acordo, retirando os benefícios a partir de 1º de outubro. 

"Se a Petrobras não quiser continuar, não teremos outra alternativa a não ser lutar pelos nossos direitos", convocou Costa. No vídeo, ele diz que a campanha contra a venda de ativos continua e que um ato será realizado no dia 3 de outubro, quando a estatal completa 66 anos.

A FNP representa cinco sindicatos de petroleiros no país. A FUP representa outros treze. Normalmente antagônicas, as duas se uniram para negociar o acordo este ano. O impasse é acirrado pelo plano de venda das refinarias.

Protagonista de vídeo convocando os petroleiros para greve em meio a negociações com a Petrobras no TST (Tribunal Superior do Trabalho), o sindicalista Eduardo Henrique Soares da Costa disse à Folha que a resistência à privatização de ativos da estatal independe do resultado da mediação do tribunal a respeito do acordo trabalhista.

O vídeo, em que Costa convoca os petroleiros a uma greve "mais forte do que a de 1995 [última paralisação da categoria que afetou o abastecimento de combustíveis no país]", aumentou a preocupação no TST com relação à estratégia dos petroleiros.

"É um processe de luta que a gente vem desenvolvendo por toda a nossa vida", disse o sindicalista, que é dirigente da FNP e do Sindipetro-RJ. "São coisas independentes." 

Os petroleiros alegam que negociações dos Correios e da Eletrobras também no TST foram prorrogadas em busca de maior consenso. Eles dizem entender que o prazo estabelecido pelo tribunal define o limite para definir se a proposta será levada a assembleias ou não.

O cronograma estabelecido prevê que os trabalhadores se manifestem primeiro, até as 20h. A Petrobras tem até as 22h para se manifestar. Para os sindicatos, o sistema dá vantagens negociais à estatal.

 
 
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