Aumento de capital prepara Eletrobras para privatização, diz presidente da estatal

Proposta do governo prevê a injeção de até R$ 10 bilhões na companhia

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Rio de Janeiro

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, afirmou nesta quarta-feira (16) que a proposta de aumento de capital aprovada pelo governo na terça-feira (15) limpa o balanço da empresa e deixa a estatal pronta para a privatização.

A proposta do governo prevê a injeção de até R$ 10 bilhões na companhia. Deste total, R$ 4 bilhões virão da União, que controla a estatal, por meio da conversão de Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital (Afacs) concedidos em 2016 em novas ações. O restante virá de acionistas privados.

"Esse é um movimento que prepara de forma definitiva a Eletrobras para o processo de privatização que já foi anunciado pelo governo", disse Ferreira Junior, em teleconferência com analistas. Discutida desde o governo Michel Temer, a privatização da Eletrobras é também uma das prioridades do governo Jair Bolsonaro.

Segundo o presidente da companhia, o aumento de capital limpa o balanço e melhora a capacidade de investimento da companhia. Para convencer os acionistas, a empresa acena com pagamento de dividendos, tanto em ações quanto em dinheiro.

"[A operação] pode nos estimular a fazer uma avaliação da possibilidade de reversão dos dividendos detidos", disse aos analistas o executivo. Ao anunciar o lucro de R$ 13,3 bilhões em 2018, a estatal reteve o pagamento de R$ 2,3 bilhões, alegando não ter dinheiro em caixa para distribuir o mínimo estabelecido em lei.

O modelo anunciado pelo governo prevê que outra parcela de dividendos, equivalente a R$ 1,2 bilhão, possa ser usada pelos acionistas em troca de ações na operação. Segundo Ferreira Junior, essa possibilidade livra a Eletrobras de ter que desembolsar o valor devido aos acionistas. 

As novas ações da estatal serão vendidas a R$ 35,72, no caso das ordinárias (com direito a voto) e R$ 37,50, as preferenciais. De acordo com a empresa, os valores referem-se à média ponderada do fechamento dos 30 dias anteriores a 7 de outubro, com deságio de 15%.

A União tem 40,99% das ações da estatal e não terá sua participação diluída no processo. Pelo contrário: se todos os minoritários aderirem, a fatia do governo subirá para 42,59%. Caso apenas 20% dos minoritários se disponham a comprar novas ações, o governo ficara com 44.93%.

A diluição deve ocorrer no processo de privatização, em discussão com o Congresso. A ideia, neste caso, é vender novas ações apenas para sócios privados, reduzindo a fatia estatal a uma posição minoritária. Na teleconferência, Ferreira Junior defendeu que há apoio político para a privatização.

Ele afirmou ainda que a entrada de novos recursos já no processo de aumento de capital pode ajudar a Eletrobras a fazer novos investimentos. "Essa operação feita pode gerar um recurso de caixa importante para a companhia num momento em que ela vem em processo de reestruturação", disse.

Na apresentação, ele destacou que a empresa vem reduzindo seus custos e cortando pessoal. Na semana passada, a empresa lançou novo plano de demissão consensual, com a meta de atingir 1.681 funcionários. O plano tem custo estimado de R$ 548 milhões com benefícios e economia esperada em R$ 510 milhões por ano.

O aumento de capital será levado à votação dos acionistas em assembleia no dia 14 de novembro e a expectativa da empresa é concluir a operação até dezembro.

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