Brasileiro destina fatia para dívida e tem menos dinheiro para investir

Pesquisa mostra que cresceram os gastos com educação, saúde e higiene e cuidados pessoais

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Rio de Janeiro e São Paulo

O brasileiro tem dedicado uma fatia maior do orçamento para pagar dívidas e está com menos dinheiro para investir. A conclusão é da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar) 2017-2018, divulgada nesta sexta (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A pesquisa mostra ainda que, entre as despesas correntes das famílias, cresceram os gastos com educação, saúde e higiene e cuidados pessoais.

O maior acesso a smartphones também impactou o orçamento, com alta de 200% nos gastos com celular e acessórios.

A pesquisa concluiu que despesa média das famílias brasileiras é de R$ 4.649,03. Desse total, 92,7% são destinados a despesas correntes, com moradia, transporte, educação e consumo, percentual praticamente estável em relação à pesquisa anterior.

Vista geral da favela de Paraisópolis em São Paulo - Lalo de Almeida/Folhapress

A parcela destinada ao pagamento de dívidas cresceu de 2,1% para 3,2%, puxada pela quitação de empréstimos, que subiu de 1,4% para 2,4%. Já a fatia para aumento do ativo, ou investimentos, caiu de 5,8% para 4,1%, com menos espaço para gastos em aquisição de imóveis e reformas.

“As famílias estão gastando muito com manutenção e ficando com menos dinheiro para fazer investimento”, comentou o gerente da pesquisa, André Martins.

O resultado mostra interrupção de movimento de alta no investimento captada pelo levantamento anterior.

A parcela destinada a outras despesas correntes, como o pagamento de impostos, contribuições trabalhistas ocupa 11,7% do orçamento. Neste item, houve grande alta das tarifas bancárias, cuja fatia no orçamento das famílias cresceu 150% desde e última pesquisa.

O dado mostra que a concorrência de fintechs e seus serviços financeiros sem custos ainda não foi suficiente para deter o crescimento do peso desses serviços no orçamento. As tarifas bancárias responderam por 1% da despesa, contra 0,4% na pesquisa anterior.

Entre as despesas correntes de maior peso no orçamento, houve queda das fatias destinadas a alimentação (-1,9 ponto percentual) e transporte (-1,4 ponto percentual), que representaram, respectivamente, 14,2% e 14,6% do orçamento. A parcela da habitação, a maior delas, ficou praticamente estável, em 29,6%.

Pela primeira vez, a despesa com transporte ultrapassou a parcela destinada à alimentação, embora a pesquisa mostre aumento nos gastos com alimentação fora de casa tanto entre os mais ricos quanto entre a população da zona rural.

Historicamente, os levantamentos do IBGE mostram que o gasto com alimentação tem caído, as despesas com habitação e transportes apresentam ligeira estabilidade, enquanto as áreas de saúde e educação ganham relevância no orçamento familiar.

A fatia destinada ao gasto com educação cresceu 52%, passando de 2,5% para 3,8% do orçamento familiar. 

Destaca-se o aumento da parcela com cursos regulares e superiores, de 1,4% para 2,2%. Os gastos com saúde passaram de 5,9% para 6,5%.

De acordo com o IBGE, a fatia destinada a despesas com celulares e acessórios cresceu 200%, para 0,9% do orçamento das famílias. Planos de assinatura de TV a cabo e internet também passaram a ter parcela maior, de 1,1%, alta de 83,3%.

A fatia do orçamento destinada a higiene e cuidados pessoais, que já havia mostrado alta na pesquisa anterior, subiu 52,63%, para 2,9%. 

Nesse item, dobrou a parcela usada para comprar sabonetes e produtos para cabelo, por exemplo.
Para recreação e cultura, a parcela subiu de 1,6% para 2,1%.

A pesquisa mostra grandes diferenças nos hábitos de consumo dos mais ricos e dos mais pobres.

No caso da saúde, por exemplo, os mais pobres têm um gasto maior com remédios, enquanto os mais ricos dedicam fatia maior do orçamento a planos de saúde.

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