Ministério da Economia é contra elevação de limite de free shops, diz agência

Para subsecretaria, isenções configuram vantagem competitiva que varejistas de importados no Brasil não usufruem

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Marcela Ayres
Reuters

Levantamento técnico do Ministério da Economia se posicionou contra o aumento do limite para compras em free shops, medida que será tomada pelo governo em breve conforme anúncio do presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira (11).

Quem voltar do exterior poderá comprar até US$ 1.000 nas lojas francas de aeroportos, ante cota de US$ 500 hoje, indicou Bolsonaro no Twitter, nesta manhã.

Segundo a Reuters apurou, a subsecretaria de Desenvolvimento de Comércio e Serviços do Ministério da Economia lembrou, em manifestação interna feita antes do anúncio de Bolsonaro, que esse teto na América Latina é muito mais baixo. Na Argentina, Chile, Paraguai e México, ele equivale a US$ 300.

Itens importados vendidos em free shops são isentos do imposto de importação, do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do recolhimento de PIS/Pasep-Importação e Cofins-Importação.

Para a subsecretaria, essa isenção configura uma vantagem competitiva que as lojas varejistas que vendem importados no Brasil não usufruem.

Free shop em aeroporto de Hong Kong, na China - Qin Qing/Xinhua

No fim de setembro, inclusive, o IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo), que reúne empresas como Magazine Luiza, Sephora, Lojas Americanas e Polishop, enviou documento ao Ministério da Economia questionando a intenção de elevar a cota, em meio ao debate de que a ampliação serviria para repor, pela inflação norte-americana, um limite que é praticado desde 1991.

Para os defensores do aumento, a elevação da cota abrirá espaço para maior oferta de produtos nas lojas francas.

O documento do IDV afirma que essa justificativa "causa estranheza" já que o teto de US$ 500 corresponde a "uma das maiores alíquotas do sistema Duty Free no mundo" e está sendo revisto somente no Brasil.

"Outra questão que nos chama a atenção é aumentar a cota deste consumo enquanto a Receita limita em US$ 500 o valor de bens importados legalmente no país adquiridos no exterior", completou o IDV.

A análise técnica da subsecretaria também apontou que a comercialização de produtos de mais de US$ 500 nos free shops já é permitida, sendo que o valor excedente fica sujeito à tributação.

Em um tuíte nesta manhã, Bolsonaro afirmou que, a seu pedido, o ministro da Economia, Paulo Guedes, prepara decreto com o incremento do limite de compras em free shops "para os próximos dias".

De acordo com o presidente, a cota permitida para compras no Paraguai também vai mudar, passando de US$ 300 para US$ 500 para os que cruzam a fronteira.

Questionado pela Reuters se a Receita Federal teria aprovado o aumento da cota e sobre qual teria sido o embasamento econômico final para a medida, o Ministério da Economia afirmou que não irá comentar no momento.

Por solicitação de Bolsonaro, o ministério também se debruçou mais cedo neste ano sobre a diminuição de impostos sobre jogos eletrônicos e videogames. O decreto chancelando a investida foi assinado pelo presidente em meados de agosto.

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