Petrobras tem menor fatia em leilões de concessão de petróleo sob regras atuais

Estatal tentou levar dois blocos mas acabou ficando com apenas um, pelo qual vai gastar R$ 1,43 bi

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Rio de Janeiro

A Petrobras fechou a 16ª rodada de licitações da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), nesta quinta (10) com a menor participação em leilões de concessão de áreas petrolíferas desde a mudança nas regras promovida pelo governo Michel Temer, em 2016.

O recuo é visto como parte da estratégia de focar no desenvolvimento de reservas do pré-sal, que serão alvo de dois leilões da ANP em novembro.

Nesta quinta-feira, a estatal ofereceu apenas dois lances por áreas na Bacia de Campos e acabou ficando com uma das áreas, em consórcio com a britânica BP. Nos dois leilões do mesmo tipo anteriores, a estatal arrematou, sozinha ou em consórcio, sete áreas em cada um.

Em nota, a Petrobras disse que "manteve sua estratégia de atuação seletiva e efetiva". Presente ao leilão, o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, saiu sem dar declarações à imprensa sobre a atuação da estatal na disputa.

A ANP concedeu 12 dos 36 blocos oferecidos na 16ª rodada, com arrecadação total de R$ 8,9 bilhões, recorde para leilões de concessão realizados no país. 

Nesse tipo de leilão, vence a empresa que apresentar o maior bônus de assinatura para as áreas -- nos leilões do pré-sal, o bônus é fixo e a disputa se dá sobre o percentual de petróleo que será entregue à União após o início da produção.

O consórcio formado por Petrobras e BP arrematou uma área na Bacia de Campos com a oferta de R$ 2,04 bilhões, ágio de 1.744,10% em relação ao valor mínimo. Foi a única oferta pela área. Como tem 70% do consórcio, a estatal vai desembolsar R$ 1,43 bilhão.

Na outra área que disputou, a Petrobras e sua sócia, a norueguesa Equinor, ofereceram R$ 4,09 bilhões. O valor foi maior do que os R$ 4,03 bilhões oferecidos pelo consórcio concorrente, formado pela francesa Total, a QPI, do Catar e a Petronas, da Malásia.

Mas os concorrentes se comprometeram com maiores investimentos durante a fase de exploração –outro critério usado pela ANP para definir o resultado das disputas– e acabaram vencendo. Enquanto Petrobras e Equinor propuseram a perfuração de um poço, o outro consórcio propôs dois.

Na 14ª rodada de licitações, em 2017, a Petrobras participou de oito ofertas e ficou com sete áreas, o equivalente a 21% do total de blocos arrematados no leilão. Em 2018, foram 11 ofertas e 7 vitórias, o que equivale a 32% do total.

O único bloco que obteve na 16ª rodada representa menos de 1% do total arrematado. Também em recursos dedicados a leilões de concessão, a fatia da estatal vem caindo: foram R$ 2,1 bilhões em 2017, R$ 2,45 bilhões em 2018 e R$ 1,43 bilhões em 2019.

Antes dessas rodadas, o governo Temer relaxou as regras de compromissos de compras de equipamentos e serviços no Brasil e eliminou a exclusividade da Petrobras no pré-sal, medidas que contribuíram para atrair mais estrangeiras para os leilões.

Em 2015, ainda com as regras anteriores e no auge de sua crise financeira, a Petrobras nem chegou a fazer ofertas na 13ª rodada de licitações promovida pela ANP.

Desde que assumiu, Castello Branco tem repetido que o foco da companhia será a produção no pré-sal. A estatal já se comprometeu a gastar R$ 21 bilhões para ficar com ao menos 30% de duas áreas no megaleilão do pré-sal em novembro.

Outra empresa que tem apostado no pré-sal, a americana Exxon também vem reduzindo sua participação em leilões de concessão. Em 2016, participou de ofertas para dez blocos, arrematando os dez. Em 2017, tentou levar nove e ficou com oito. Este ano, foi apenas em um.

O mercado aposta em forte participação da empresa nos leilões do pré-sal de novembro. A presidente da Exxon no Brasil, Carla Lacerda, também estava no leilão desta quinta mas, assim como Castello Branco, saiu sem dar entrevistas.

Para o sócio da consultoria KPMG Anderson Dutra, os resultados do leilão desta quinta mostra diversificação das petroleiras com atuação no Brasil. Ele destacou a entrada da QPI e da Petronas, da Malásia, que terminaram com fatia em três blocos.

"As companhias asiáticas estão demonstrando grande apetite", afirmou ele, dizendo esperar que essa presença seja vista também nos leilões do pré-sal de novembro. A maior vencedora do leilão desta quinta foi a espanhola Repsol, com fatias em quatro áreas arrematadas.
 

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