Alimentos mais baratos contribuem para deflação de 0,04% em setembro

IPCA foi o menor para o mês desde 1998; em 12 meses, índice tem alta de 2,89%

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Rio de Janeiro

Os preços dos alimentos recuaram mais uma vez e ajudaram a derrubar a inflação de setembro.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) terminou o mês em queda de 0,04% —ou seja, houve deflação—, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (9).

O grupo alimentação e bebidas cai 0,43%, o segundo recuo seguido, e foi o principal fator que contribuiu para a queda do índice geral. Também contribuiu a redução de 0,76% nos preços de artigos de residência, mas com menos peso no IPCA, apesar do recuo ter sido maior.

Dentro do grupo alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio ficou 0,70% mais barata, o quinto mês consecutivo de queda. Os destaques foram tomate (-16,17%), batata-inglesa (-8,42%), cebola (-9,89%) e frutas (-1,79%).

No grupo de artigos de residência, o destaque foi a queda de 2,26% nos preços de eletrodomésticos e equipamentos.

Já o grupo saúde e cuidados pessoais subiu 0,58%, enquanto vestuário subiu 0,27%.

Os grupos habitação, transportes, educação e comunicação variaram pouco e não tiveram influência no IPCA.

Alimentos e bebidas tiveram deflação e contribuíram para o resultado do IPCA - João Wainer - 29.nov.10/Folhapress

Com o resultado de setembro, a inflação no ano acumula alta de 2,49%. Já nos últimos 12 meses, ficou em 2,89%, bem abaixo dos 3,43% registrados em agosto.

Dos 16 locais pesquisados pelo IBGE, 10 registraram deflação em setembro. O principal deles foi São Luís (MA), com  queda de 0,22%, principalmente devido à queda da energia elétrica na cidade, que chegou a 6,97%.

Goiânia, por sua vez, teve a maior variação positiva: 0,41%. De acordo com o IBGE, a inflação na capital de Goiás se deu por causa da alta no preço da gasolina, que chegou a 2,80%.

Julia Passabom, economista do Itaú que analisa indicadores de inflação, viu com bons olhos a queda nos preços.

"Foi abaixo do que esperávamos. Tínhamos uma previsão alta de 0,01%, mas a inflação para baixo é uma surpresa boa e com essa composição melhor ainda. Parte da surpresa que tivemos foram de itens que compõem o núcleo da inflação, como setores de serviços e industriais, que rodam tranquilos", afirmou.

Segundo a economista, os núcleos da inflação –ou seja, os grupos utilizados para o cálculo do índice, excluídos aqueles que costumam sofrer choques temporários de ofertas, por fatores climáticos ou sazonais, como alimentos, energia e grupos afetados por impostos indiretos– permanecem tranquilos.

Luca Klein, da 4E Consultoria, apontou que a média de inflação calculada apenas dentro dos núcleos desacelerou pelo segundo mês consecutivo. No acumulado em 12 meses, a desaceleração vem sendo observada desde abril.

"A média anualizada dos núcleos desacelerou pelo segundo mês consecutivo (1,11% ante 2,96%). No acumulado em 12 meses, a média dos núcleos marcou 3,18%, mantendo a tendência de desaceleração observada desde abril (3,95%). Na mesma métrica, chama atenção a desaceleração dos itens administrados, que ficou em 2,87% e marcou o menor valor desde janeiro de 2014 (2,13%)", disse.

Com a deflação de setembro, tanto Passabom quanto Luca Klein, analista da 4E Consultoria, revisaram a projeção da inflação para o fim do ano. A 4E reduziu a previsão de 3,9% para 3,6%. O Itaú ainda não anunciou o novo índice, mas deve ficar abaixo dos 3,4% atuais.

"Com a leitura de hoje e as nossas transições para os próximos meses, temos previsão de baixa", apontou Passabom.

"Desta forma, o ano de 2020 também foi revisado, porém com a tendência de uma recuperação da atividade econômica mais robusta em conjunto aos maiores estímulos monetários, a inflação do ano deve ser maior do que a do ano vigente, estimamos 4,4% ante 4,6%", acrescentou Klein.

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