Ações de frigoríficos disparam com expectativa de queda na taxa chinesa

JBS e Minerva saltam mais de 9% cada

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São Paulo

O setor de frigorífico teve forte valorização na Bolsa de valores nesta segunda-feira (25), com alta de mais de 9% das ações da JBS, enquanto o Ibovespa caiu 0,2%.

O viés positivo é fruto da alta no preço da carne e da expectativa de redução ou isenção de impostos chineses de importação. Em evento com investidores nesta segunda, executivos do frigorífico Minerva comentaram que o governo brasileiro negocia uma eventual redução ou eliminação da taxa de 24% que a China impõe a carnes da América do Sul.

 Linha de produção do frigorífico SIF 530, da Seara, do grupo JBS em Lapa (PR).
Linha de produção do frigorífico SIF 530, da Seara, do grupo JBS em Lapa (PR). - Pedro Ladeira/Folhapress

"Na China, as estatais estão sendo isentas destes impostos de importação. Isto dá a oportunidade única para América do Sul ser mais competitiva. Nova Zelândia e Austrália têm imposto zero. Seremos mais competitivos neste momento já que eles estão preocupados com inflação alimentar", disse o fundador e presidente da Minerva, Fernando de Queiroz.

O diretor de Relações Institucionais da empresa, João Sampaio, comentou que a revisão nas tarifas chinesas é uma pauta do governo de Jair Bolsonaro.

"Marcos Troyjo [secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia] já está tratando deste tema. Já foi pauta do Brasil e já foi pauta do Mercosul. Recentemente, com a visita de Jair Bolsonaro à China, o ministro Ernesto Araújo [ministro das Relações Exteriores] já teve uma conversa neste sentido. Então acho que pode avançar."

As declarações animaram investidores e as ações da Minerva saltaram 9,6%, a R$ 6,35. A JBS disparou 9,6%, a R$ 27,84. A Marfrig subiu 5,33%, a R$ 11,26 e a BRF, 6%, a R$ 36,11.

Em 2019, a JBS é a terceira empresa que mais se valoriza no Ibovespa, com alta acumulada de 140%, atrás de BTG e Qualicorp. A Marfrig vem logo atrás, com a quarta maior alta no ano, de 106%.

O setor vive uma expressiva alta nos preços com a gripe suína na China e aumento das importações chinesas e russas. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de carne suína rendem 31% mais por tonelada neste ano do que em igual período de 2018. Com a demanda, 25 novos estabelecimentos para exportações de carnes ao mercado chinês foram aprovados em setembro.

Na sexta-feira (22), o preço da arroba do boi gordo no estado de São Paulo atingiu R$ 228,80, novo recorde histórico, após registrar alta de 0,62% nesta sexta-feira, segundo o indicador Esalq/B3. 

Com o momento favorável ao setor, a Minerva também anunciou no evento desta segunda que planeja realizar a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de sua subsidiária Athena Foods na Bolsa de Santiago em abril de 2020, cujas expectativas originais apontavam movimentação de até R$ 1,3 bilhão.

O negócio, no entanto, depende do desempenho da economia argentina sob o comando do peronista Alberto Fernandez, onde a divisão obtém cerca de 30% de suas vendas líquidas.

"Se a aversão ao risco continuar alta [na Argentina], pode inviabilizar o IPO", ponderou o diretor financeiro da Minerva, Edison Ticle, em entrevista coletiva.

João Sampaio, diretor de Relações Institucionais da Minerva, afirmou que conversas com autoridades do futuro governo argentino sugerem que os exportadores não têm motivos para se preocupar.

"Eles sabem que a situação interna é difícil mas precisam trazer dólares. O jeito de fazer isso é exportando", disse.

A Athena, que também opera no Uruguai, Paraguai, Colômbia e Chile, é responsável por 12% das exportações de carne bovina do continente, de acordo com dados da Minerva.

A JBS também trabalha com uma oferta de ações que pertencem ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que já contratou bancos para coordenarem a transação.

O banco deverá vender cerca de metade de sua participação na JBS até o final do ano, em operação que pode levantar R$ 7,8 bilhões.

(Com Reuters)

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