Descrição de chapéu Financial Times

Apple lança app de pesquisa em esforço para recolher dados de saúde

Empresas de tecnologia encaram escrutínio por seu uso de informações sensíveis de usuários

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Patrick McGee Hannah Kuchler
San Francisco | Financial Times

A Apple está correndo para recolher dados sobre a saúde de seus clientes, e lançou um novo app de pesquisa que, segundo ela, promoverá o “avanço da ciência” ao colher informações de sua imensa base de usuários do iPhone e Apple Watch.

A maior companhia do planeta pelo critério de valor de mercado espera que milhões de usuários optem por usar seu novo “Research App” e participar de um conjunto de estudos médicos que dependerão do sensor de eletrocardiogramas, do medidor de decibéis e das funções de acompanhamento do ciclo menstrual que fazem parte do app.

Os estudos poderiam gerar resultados que a Apple usaria para desenvolver novos produtos.

O núncio do novo app surge em um momento no qual as grandes empresas de tecnologia, lideradas por Apple, Google e Amazon, estão batalhando para ingressar no ramo dos serviços de saúde, de diversas maneiras, tentando empregar seu imenso poder de computação e conhecimento de análise de dados e sensores a fim de desordenar o setor, cortar custos e fazer novas descobertas.

Mas as companhias também estão sofrendo escrutínio crescente por seu uso de informações sobre a saúde de usuários.

Na terça-feira, o governo dos Estados Unidos anunciou que estava investigando se o Google violou as leis de privacidade de dados de saúde em um projeto de computação em nuvem realizado em parceria com o Ascension, o segundo maior sistema de saúde dos Estados Unidos, revelado em uma reportagem do The Wall Street Journal.

O Google afirmou ter cumprido os regulamentos. 

A Apple vem buscando com cada vez mais intensidade maneiras de encorajar a atividade física e de monitorar a saúde, e seu presidente-executivo, Tim Cook, declarou que no futuro se tornaria claro que “a maior contribuição [da companhia] para a humanidade” será nos serviços de saúde.

A Apple espera poder se diferenciar de seus rivais graças ao quase um bilhão de usuários do iPhone – e a um modelo que coloca a “privacidade primeiro” e não depende de publicidade.

O novo app declara que “a privacidade é um direito humano fundamental”. Permite que os usuários controlem se participam ou não de estudos, e em que estudos se envolverão, e os mantêm informados sobre os resultados.

De acordo com o app, os dados dos estudos não serão vendidos para terceiros. A iniciativa se segue ao lançamento, em 2014, da ResearchKit, uma plataforma de fonte aberta que permite que pesquisadores recrutem participantes para uma ampla gama de estudos.

O mais conhecido é o “estudo cardíaco” da Apple, um projeto de pesquisa comandado pela Universidade Stanford que identificou ritmos cardíacos irregulares usando dados de mais de 400 mil usuários do Apple Watch.

Três projetos de pesquisa lançados na quinta-feira estudarão a saúde feminina, a relação entre o movimento e questões cardíacas, e a audição.

Os parceiros da Apple nesses projetos são a Escola TH Chan de Saúde Pública (Universidade Harvard), o Instituto Nacional de Ciências Ambientais da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a
Universidade de Michigan.

Pesquisadores envolvidos no projeto de saúde feminina disseram que a escala e amplitude que a Apple pode propiciar não tinham precedentes. A fabricante do iPhone tem por meta obter um milhão de participantes em 10 anos.

Michelle Williams, diretora da Escola TH Chan de Saúde Pública, disse que estudos anteriores sobre a saúde da mulher dependiam, de amostras menores que “não representavam a população feminina dos Estados Unidos como um todo”.

O histórico estudo Tremin, lançado em 1934, por exemplo, estudava exclusivamente mulheres brancas com educação universitária no estado de Minnesota. As participantes tipicamente eram de classe média
ou classe alta, já que responder questionários e fazer visitas a médicos requeria tempo livre e possibilidade de viajar.

Shruthi Mahalingaiah, pesquisadora de saúde reprodutiva que leciona em Harvard e é uma das especialistas que estão projetando o estudo com a Apple, disse que “certamente precisamos saber mais sobre pessoas que não foram representadas em estudos historicamente”.

Financial Times, tradução de Paulo Migliacci
 

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