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Bloomberg enfrenta multa de 5 milhões de euros por noticiar falso comunicado

Reguladores franceses acusam grupo de espalhar informações falsas sobre empresa em 2016

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David Keohane
Paris | Financial Times

A Bloomberg enfrenta a perspectiva de uma multa de 5 milhões de euros (R$ 23 milhões) imposta por reguladores franceses depois de noticiar um comunicado de imprensa falso em 2016.

A Autoridade dos Mercados Financeiros acusou durante uma audiência na sexta-feira (15) a Bloomberg ​News, ramo de mídia do grupo de informações financeiras, de disseminar informações falsas —que o regulador de mercados francês disse que a agência deveria saber serem falsas.

É a primeira vez que uma acusação desse tipo é feita a um grupo de mídia na França.

Bolsa de Nova York; Bloomberg pode enfrentar multa por disseminação de um comunicado falso em 2016
Bolsa de Nova York; Bloomberg pode enfrentar multa por disseminação de um comunicado falso em 2016 - AFP

A AMF está acusando a Bloomberg de ter priorizado a velocidade mais que o bom julgamento ao reportar um comunicado de imprensa falso do grupo de construção francês Vinci em novembro de 2016, dizendo que "a natureza sensacional dessas informações superou a necessidade de verificar as informações".

As ações da Vinci despencaram quase 19% depois que um comunicado de imprensa fraudulento disse que ela havia demitido seu diretor-financeiro e estava reavaliando seus resultados depois de descobrir irregularidades contábeis.

No entanto, 24 minutos após a divulgação, uma declaração da Vinci negou "todas as informações contidas nesse comunicado de imprensa falso", e o grupo disse que estava "investigando todas as ações legais".

A AMF, segundo pessoas familiarizadas com a situação, estava mirando a Bloomberg em parte por causa de sua influência exagerada nos mercados, juntamente com sua rapidez, o que lhe permitiu publicar o comunicado de imprensa antes dos rivais.

A Bloomberg disse que a "farsa extremamente sofisticada no caso da Vinci enganou temporariamente vários jornalistas, incluindo alguns da Bloomberg News. Apenas alguns minutos após a publicação do comunicado de imprensa falso por vários meios de comunicação financeiros, a Bloomberg News foi a primeira a publicar uma correção".

"Acreditamos firmemente que a Bloomberg News não violou nenhuma disposição legal do mercado financeiro. Com base nos fatos deste caso, a Bloomberg News também observa que a multa proposta hoje pelo conselho da AMF é sem precedentes e desproporcional."

O advogado da Bloomberg disse no tribunal na sexta-feira que a queixa da AMF "arriscava-se seriamente a minar a liberdade de imprensa", segundo o diário francês Les Echos e confirmado por pessoas familiarizadas com o assunto.

Levará de seis a oito semanas para que o julgamento seja concluído, disseram as pessoas informadas do caso.

A Vinci não foi a primeira vítima de tal fraude. Também em 2016, a empresa de monitoramento de fitness Fitbit negou ter recebido uma oferta pública de aquisição depois que um fundo chinês pouco conhecido, chamado ABM Capital, fez um anúncio regulatório que supostamente descrevia uma oferta de US$ 2,8 bilhões.

O grupo de cosméticos Avon Products foi alvo de uma farsa semelhante em 2015, quando a PTG Capital Partners fez um anúncio indicando que havia lançado uma oferta pública de compra de US$ 8,2 bilhões pela Avon —fazendo as ações subirem quase 20% até que a fraude ficasse aparente.

Em janeiro do ano passado, igualmente, a BlackRock foi alvo de uma farsa elaborada envolvendo uma carta que teria sido escrita por Larry Fink, executivo-chefe do grupo de fundos, e foi enviada aos meios de comunicação.

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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