Bolsa e dólar ensaiam recuperação pós-'efeito Lula'

Ibovespa volta aos 108 mil pontos e dólar cai para R$ 4,14

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São Paulo

A cotação do dólar e a Bolsa de valores brasileira se recuperaram em parte do 'efeito Lula'  nesta segunda-feira (11). Na sexta (8), quando o ex-presidente saiu da prisão em Curitiba, o Ibovespa caiu 1,8% e perdeu os 108 mil pontos. O dólar subiu na mesma proporção e foi a R$ 4,168, maior valor desde 17 de outubro.

Neste pregão, a Bolsa subiu 0,7% e recuperou os 108 mil pontos, enquanto o dólar recuou 0,6%, a R$ 4,142.

No exterior, o viés foi misto, com receio de investidores quanto a 'fase 1' do acordo comercial entre China e Estados Unidos, previsto para ser assinado até o fim do ano. 

Segundo as últimas declarações do presidente americano Donald Trump, a etapa pode não ser tão produtiva quanto investidores esperam, sem remoção signficativa de tarifas. No sábado, Trump declarou que os Estados Unidos só fariam um acordo se fosse o "acordo certo" para os EUA, acrescentando que as negociações têm sido mais lentas do que ele gostaria.

Nesta segunda (11), devido ao feriado do Dia dos Veteranos de Guerra, o mercado de renda fixa americano não abriu e o de renda variável teve liquidez reduzida. Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones fechou estável. S&P 500 caiu 0,2% e Nasdaq, 0,13%.

A Bolsa de Hong Kong caiu 2,6%, maior queda percentual desde agosto. A região foi palco de novas cenas de violência nesta segunda, com um manifestante atingido por um tiro à queima-roupa e outro que foi atacado com fogo. Ao menos 60 pessoas ficaram feridas, segundo o governo.

No Brasil, a tensão com a soltura de Lula se dissipa. Dentre emergentes, o real foi a moeda que mais se valorizou na sessão, em um movimento de correção ao tombo de sexta (8). 

“Um: a chance de Lula voltar à prisão em breve é alta; Dois: a saída do Lula pode servir para reunificar a direita/centro-direita brasileira (com a polarização mais acirrada com a soltura dele, ou você é aliado ao governo Bolsonaro ou é aliado ao Lula; o “isentão” não vai funcionar bem). Porém, é importante lembrar que a política costuma reservar grandes surpresas no Brasil (país onde até o passado é incerto) e uma decisão como essa do STF não traz boas lembranças ao investidor, principalmente o estrangeiro, que pode cobrar razões mais concretas para embarcar no Brasil. A soltura do Lula pode deixar mais claro quem está de fato com o governo ou quem está contra ele”, afirma relatório da Rico Investimentos.

O Ibovespa subiu 0,7%, a 108.367 pontos. O volume negociado foi de R$ 14,7 bilhões, abaixo da média diária para o ano. 

"A soltura do ex-presidente Lula tornou a questão da prisão após segunda instância a prioridade número [do Congresso]. A aprovação das várias reformas estruturais prescritas pelo ministro Paulo Guedes (tributária, administrativa, estado de emergência fiscal, etc.) deve ficar em segundo plano, tanto para a situação quanto para a oposição. O cronograma otimista, que visava aprová-las antes que as eleições municipais consumam a política, se tornou ainda mais improvável”, diz documento da Guide Investimentos.

O risco-país medido pelo CDS (Credit Default Swap) de cinco anos teve leve queda na sexta (8), a 116 pontos, mas voltou a subir nesta segunda (11). O índice teve alta de 1,3%, a 117 pontos. Os patamares são relativamente baixos e se igualam aos registrados pelo país em 2013.

“Essa reorganização da política impacta os mercados por alguns canais. O mais evidente é que Lula é a melhor figura para conduzir seu polo político até a eleição de 2022, ainda que continue inelegível até lá. Outro é que sua liderança política e capacidade de propagar narrativas pode atrapalhar a já difícil vida do governo no Congresso, em especial, nas pautas econômicas impopulares. Um risco adicional, mas de difícil aferição, é Bolsonaro se distanciar, ainda que parcialmente, da política econômica defendida por Paulo Guedes para buscar agendas mais palatáveis ao eleitorado”, afirma relatório da XP Investimentos.

(Com Reuters)

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