Com tensões na América Latina, Bolsa cai 1,5% e volta aos 106 mil pontos

Investidores temem protestos no Chile e guerra comercial entre EUA e China

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O mercado brasileiro foi impactado pelos protestos na América Latina e pela incerteza quanto a um acordo comercial entre China e Estados Unidos nesta terça-feira (12).

A Bolsa brasileira caiu 1,5% e foi a 106.751 pontos, menor patamar desde 21 de outubro. O dólar subiu 0,6% e voltou a R$ 4,168, mesmo valor da última sexta (8), com a saída de Lula da prisão. 

Funcionários da Bolsa de Valores de São Paulo observam o painel no prédio da Bolsa, centro de São Paulo (SP), em dia de forte queda dos negócios
Bolsa cai para os 106 mil pontos com protestos na América Latina e incerteza quanto a acordo comercial entre China e EUA - Daniel Marenco/Folhapress

A terça-feira (12) foi marcada por uma greve geral no Chile, após o presidente Sebastián Piñera anunciar o início do processo para mudar a Constituição, uma herança da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). O processo não será com uma Assembleia Constituinte —como solicitado nas ruas—, mas com um Congresso Constituinte, cujos detalhes e composição ainda não estão definidos. 

A mudança constitucional assusta investidores, que não sabem o que esperar do novo texto. No país, o dólar subiu 3% sessão e foi a 783,82 pesos, máxima histórica. O risco-país chileno medido pelo CDS (Credit Default Swap) de cinco anos disparou 12%, a 47 pontos, maior valor desde junho.

Segundo Win Thin, gerente de estratégias cambiais para mercados emergentes do banco americano Brown Brothers Harriman (BBH), investidores temem que o governo chileno apenas se curve a pressões populares.

“Não é um movimento único ao Chile. Estamos tendo incertezas políticas no Brasil, Equador, Peru, Bolívia. Mas como está acontecendo tudo junto, ao mesmo tempo, está deixando os mercados nervosos”, afirma Thin. 

Na Bolívia, a senadora Jeanine Añez, 52, que diz ser a próxima na linha de sucessão na Bolívia depois da renúncia de Evo Morales no domingo (10), tenta aprovar a renúncia do presidente na Assembleia Legislativa em sessão extraordinária marcada para esta terça (12).Por enquanto, o país está sem comando. ​

Além das tensões na América Latina, investidores estão inseguros quanto a 'fase 1' do acordo comercial entre China e Estados Unidos. Em discurso nesta terça (12), o presidente americano Donald Trump disse que o acordo pode acontecer em breve e que na falta de um entendimento, novas tarifas serão aplicadas aos chineses. 

Trump não mencionou as tarifas que os EUA pretende implementar esta semana sobre carros e autopeças importadas da União Europeia, que tem sido adiada, mas voltou a criticar as praticas comerciais europeias.

Depois do discurso sem grandes novidades, os índices americanos S&P 500 e Dow Jones fecharam estáveis.

No Brasil, o Ibovespa caiu 1,5%, a 106.751 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19 bilhões, acima da média diária para o ano.

O setor bancário também contribuiu para a queda. Com o corte pela metade a taxa de juro do cheque especial da Caixa Econômica Federal, as ações dos bancos, de grande peso para o índice, tiveram quedas superiores a 1% na sessão.

Fora que o mercado monitora a saída do presidente Jair Bolsonaro do PSL, o que pode atrasar a reformas preteridas pelo governo e prejudicar a articulação política do planalto. 

(Com Reuters)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.