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OCDE diz que governos precisam adotar medidas de estímulo urgentes

Organização recomendou que economias avançadas ajudem a promover investimento em tecnologias de energia e digitalização

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Londres | Financial Times

Os governos precisam tomar medidas urgentes a fim de melhorar as perspectivas de sus economias em médio prazo, afirmou a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) nesta quinta-feira (21), ao anunciar previsões de que o crescimento econômico mundial continuará fraco por mais dois anos.

A organização internacional sediada em Paris recomendou que as economias avançadas ajudem a promover o investimento privado em novas tecnologias de energia e digitalização, por meio de “investimentos públicos audaciosos”.

A OCDE afirmou que os esforços de estímulo, acompanhados por maior cooperação internacional quanto ao comércio e tributação e uma gestão mais ativa da demanda, poderiam elevar o desempenho do crescimento no G20 (Grupo dos 20 países mais ricos) em mais de 1%, em prazo de três anos.

As companhias estão postergando investimentos em edifícios, fábricas, maquinaria e software devido a preocupações sobre a incerteza econômica e tensões comerciais, afirmou a organização.

Laurence Boone, a economista chefe da OCDE, alertou sobre o risco de que o “desempenho lento” se “perpetue”.

A OCDE previu crescimento mundial de 2,9% para este ano, o mesmo no ano que vem e uma melhora apenas marginal, para 3%, em 2021. Isso ante “o ritmo de 3,5% projetado um ano atrás, o que representa o crescimento mais lento desde a crise financeira mundial”, afirmou Boone.

A perspectiva é ainda mais desanimadora do que a projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional), que no mês passado previu crescimento mundial de 3% para este ano, com uma alta para 3,4% em 2020.

Embora a OCDE tenha se mostrado ligeiramente mais optimista sobre o desempenho econômico europeu, sua mais recente projeção semestral revisou para menos as previsões para muitas das economias emergentes e deixou inalterada sua projeção de crescimento de 2% nos Estados Unidos no crucial ano eleitoral de 2020.

A recente recuperação nos mercados financeiros indica que os investidores acreditam que o pior da desaceleração já passou, mas Boone disse que os dados mais recentes não acompanham esse clima positivo e que mercados enérgicos “não significam que estejamos revertendo a maré [econômica]”.

Sem ação adicional, a OCDE alertou que a economia mundial poderia enfrentar uma nova deterioração, à medida que os custos da guerra comercial se tornam mais aparentes e que as mudanças no modelo econômico chinês reduzem a demanda da China por equipamento de alto custo de capital fabricado em outros países.

Medidas de estímulo ao desempeno econômico em longo prazo e para encorajar maior atividade empresarial deveriam ser prioridade maior para os governos do que a implementação de novas políticas para estimular a demanda ou alterar a regulamentação governamental, disse a OCDE.

Instando os países a priorizar a cooperação internacional, a OCDE apelou por “previsibilidade na política comercial” e por um fim da “disparada nas medidas de restrição ao comércio”, o que segundo a organização “poderia fazer muito para reduzir a incerteza e reanimar o crescimento”.

Boone apelou que os países criem fundos nacionais de investimento a fim de ajudar mais empresas a investir na transformação digital, aumento de produtividade e transição para a energia ecológica, em lugar de se envolverem em disputas sobre os benefícios dos gastos públicos em curto prazo.

“A falta de direcionamento político para lidar com a questão da mudança do clima é um peso sobre o investimento”, disse Boone, porque “sem o investimento público necessário [na adaptação ao aquecimento global], as empresas postergarão decisões de investimento, com graves consequências para o crescimento e o emprego”.

A OCDE também recomendou que os governos implementassem politicas rigorosas de defesa da competição e garantissem que os trabalhadores estejam protegidos e sejam retreinados para lidar com a chegada de novas tecnologias aos locais de trabalho.
 
Financial Times, tradução de Paulo Migliacci

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