Renda extra informal sustenta volta do consumo de supérfluos, diz pesquisa

Segundo Nielsen, dinheiro a mais de bicos sustenta venda nos setores de higiene, beleza e roupas

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São Paulo

O consumidor brasileiro está conseguindo voltar a comprar supérfluos, como produtos de higiene e beleza e vestuário. Essa retomada do consumo, para além de contas básicas e pagamento de dívidas, vem de lares com algum tipo de renda informal. 

O estudo 360º Consumer View divulgado nesta quarta (6) pela Nielsen atribui a esse tipo de trabalho o espaço para as famílias voltarem a comprar. Somente entre os que têm renda informal, seja ela a única ou não, houve aumento no volume e no valor dessas despesas.

“Lares com renda informal retomaram a compra de mimos graças à alternativa de renda. Antes o consumidor vivia apenas reduzindo despesas e enxugando o orçamento. Está havendo uma mudança de comportamento", afirmou o especialista da Nielsen, Ricardo Alvarenga.

A especialista em entendimento do consumidor da Nielsen, Patrícia Coelho de Almeida, explica que além do aumento nos gastos primários, que inclui um avanço nas despesas com produtos não-duráveis, como artigos de beleza, higiene e manicure, há também um movimento de comprar mais produtos que ofereçam algum ganho adicional.

Nesse segmento, Patrícia destaca itens como água micelar, iogurtes proteícos, pães e cafés especiais. “Se você [empresa] não consegue entregar uma performance superior, o consumidor vai priorizar o baixo preço”, explica. 

No geral, considerando todos os perfis, o brasileiro continua muito endividado e com pouca flexibilidade diante de um orçamento 58,9% comprometido com gastos primários. Em 2018, eram 57,9%.

É justamente nesse cenário que a renda informal passou a ser uma alternativa para o consumo e para o pagamento das contas básicas, explica a especialista da Nielsen. “Vemos que 38% dos lares adotaram uma renda informal e 56% dos que tem uma renda informal têm também emprego formal.”

Essas famílias, diz a Nielsen, continuam endividadas, mas já conseguem balancear as despesas, de modo a encontrar espaço para consumir produtos que tinham sido deixando em segundo plano. 

O Brasil tem 16 milhões de lares com trabalhadores com algum tipo de renda informal, segundo a Nielsen. Para 9 milhões, essa renda a é complementar, e pode vir de prestação de serviços como entregas, venda direta ou um negócio próprio.

Em 7 milhões, o rendimento é totalmente informal e corresponde a um valor 40% menor, em média, ante aos salários recebidos no mercado. O aumento na informalidade está ligado ao desemprego formal, que ainda persiste.

O perfil de consumo varia de acordo com a situação do trabalhador no mercado de trabalho. Os que estão na formalidade são considerados mais conservadores; buscam marcas conhecidas e canais convencionais.

Nas famílias com ao menos um desempregado, as despesas primárias consomem 65% do orçamento, sobrando menos para festas, alimentação fora de casa, saúde e investimentos. Esse grupo corresponde a 9% da população e está concentrado principalmente na Grande São Paulo  

Na média geral, segundo a Nielsen, as famílias gastam 16,3% da renda com esses gastos considerados secundários. Onde algum integrante está desempregado, o percentual recua para 14,4%.

Os dados foram calculados a partir de um painel com 53,4 milhões de domicílios cadastrados e que são visitados por auditores periodicamente, a fim de verificar tendências de consumo.

Para a Nielsen, os dados mostram espaço para expansão em segmentos que consigam comunicar benefícios aos consumidores.

O preço e a relação entre o custo e a qualidade continuam sendo o principal atributo na hora de optar por um produto, mas outras questões como alto padrão de qualidade (47%), performance superior (46%), oferecer algo que outro não ofereça (41%) e ser orgânico ou ter 100% de ingredientes naturais (36%) são citados como características que variam os consumidores pagarem mais por um mesmo item.

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