Uber perde licença para operar em Londres pela segunda vez

Órgão regulador londrino diz que aplicativo coloca em risco a segurança dos passageiros

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Nate Lanxon
Bloomberg

A autoridade de trânsito de Londres recusou uma nova licença para a Uber Technologies na capital britânica, pondo em risco as futuras operações da empresa de transporte por aplicativo na cidade.

Embora a empresa tenha feito certo progresso para resolver as preocupações da Transport for London, o órgão regulador ainda está preocupado com o fato de motoristas não autorizados poderem usar o aplicativo para transportar passageiros, afirmou em comunicado na segunda-feira (25).

A Uber tem 21 dias para recorrer e pode continuar operando enquanto um tribunal considera a decisão.

O TfL está preocupado, principalmente, com uma vulnerabilidade no aplicativo que permite que motoristas não autorizados incluam suas fotos nas contas dos motoristas do Uber, permitindo que eles levem passageiros disfarçados de motoristas licenciados.

Essa infração ocorreu em pelo menos 14 mil viagens, incluindo alguns trajetos com motoristas que tiveram as licenças revogadas, segundo o TfL. Motoristas demitidos e suspensos também conseguiram criar uma conta no Uber e transportar passageiros, disse o órgão.

Logo do app
Logo da Uber - Brendan McDermid - 10.mai.19/Reuters

Londres é uma das cidades mais lucrativas para a Uber fora dos Estados Unidos. As ações da Uber caíram cerca de 5,8% no início do pregão antes da abertura dos mercados nos EUA.

A Uber estava operando com uma licença de dois meses que termina na segunda, a mais recente prorrogação, enquanto o TfL analisava as mudanças que a empresa estava aplicando a seu modo de operação. A recusa do regulador em autorizar o funcionamento da Uber lança dúvidas sobre se a empresa, que possui 45 mil motoristas licenciados em Londres, tem futuro significativo na Grã-Bretanha.

Muitos motoristas "agora enfrentam a angústia não apenas do desemprego, mas também das dívidas, enquanto lutam para cumprir os pagamentos de leasing de carros", disse James Farrar, presidente da filial do Motoristas de Aluguel Particulares do sindicato IWGB. "O terrível preço da incapacidade da Transporte para Londres administrar um regime regulatório estável, e a recusa da Uber a seguir as regras serão pagas pela força de trabalho mais vulnerável de Londres."

O TfL concluiu há mais de dois anos que a Uber não era "adequada e capaz" de deter uma licença, dizendo que a empresa falhou em realizar verificações adequadas dos antecedentes dos motoristas e relatar crimes graves. Também teve problemas com o software da Uber chamado "Greyball" que bloqueou tentativas do governo de identificar motoristas infratores. O prefeito de Londres, Sadiq Khan, defendeu a decisão do órgão regulador na época.

O mercado de compartilhamento de transporte em Londres mudou significativamente desde então. O CEO da companhia, Dara Khosrowshahi, aplicou várias alterações para conquistar os reguladores e o público, o que levou à concessão de uma licença de operação temporária. A cidade também concedeu licenças para serviços similares como Ola, ViaVan e Bolt.

Mas nem todo mundo está feliz. A Uber enfrentou uma série de ações judiciais, incluindo um caso de direitos trabalhistas sobre a forma como seus motoristas são tratados, que perdeu.

Jim Kelly, motorista de táxi e presidente da filial regional do sindicato dos trabalhadores Unite em Londres, disse na semana passada que as medidas do TfL para regular a Uber e empresas similares não são suficientes. "Está no DNA da Uber minar a regulamentação e criar uma concorrência desleal nas cidades onde opera", acrescentou.

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

 
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