Ações da XP sobem mais de 27% e empresa vira 11ª brasileira mais valiosa

Corretora vai investir principalmente em um banco digital, além de seguros e meios de pagamentos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo e Nova York

As ações da XP Inc. encerraram seu primeiro dia de negociação na Bolsa americana Nasdaq com alta de 27,63%. Os papéis saltaram de US$ 27 (R$ 111,30, de acordo com cotação desta quarta) na precificação para US$ 34,46 (R$ 142) nesta quarta-feira (11).

Com a valorização, a XP tem valor de mercado de US$ 19 bilhões (R$ 78,37 bilhões) e se torna a 11ª empresa brasileira de capital aberto mais valiosa, à frente de Magazine Luiza ( R$ 77 bilhões, com ações apenas no Brasil).  O primeiro dia da corretora na Nasdaq movimentou US$ 1,2 bilhão (o equivalente a R$ 4,9 bilhões), com 33,6 milhões de ações negociadas.

Guilherme Benchimol durante evento de abertura de capital da XP na Bolsa de Nasdaq
Guilherme Benchimol durante evento de abertura de capital da XP na Bolsa de Nasdaq - Divulgação

Em entrevista à imprensa nesta quarta em Nova York, o sócio e fundador da XP Inc., Guilherme Benchimol, disse que pretende mais do que dobrar o valor que seus clientes alocam na corretora.

O executivo disse que, em um primeiro momento, os recursos captados com o IPO (oferta pública de ações) serão voltados para a construção de seu banco digital. A companhia recebeu aval do BC para ter um banco em setembro.

“Atualmente, o cliente da XP investe 45% de sua liquidez [parte da renda que não é gasta]. Se conseguirmos oferecer uma solução completa com serviços bancários, esse número pode até dobrar. A ideia é vir com um conceito de crédito voltado para investimentos inteligentes, com cartão de crédito, débito e aplicativo, tudo integrado pela corretora”, afirmou.

Para o sócio da XP, a mudança de cenário doméstico no Brasil, com a queda dos juros —o Banco Central reduziu a taxa Selic para 4,5% nesta quarta-feira— fará os investidores buscarem ativos de renda variável como forma de diversificação de portfólio.“

Cuidar do dinheiro num cenário de juros atual é uma necessidade. As pessoas não vão poder investir como antes,” disse. 

Benchimol ressaltou que, nos últimos três anos, a XP cresceu 53% em média por ano em receita, com uma margem lucro líquido média 20%.

Além do banco digital, a corretora já havia informado, em seu prospecto preliminar —relatório que a empresa detalha intenções e expectativas em relação ao IPO—, que uma parcela dos recursos será direcionada para a expansão de outras áreas, como seguros, meios de pagamentos e, eventualmente, aquisições de empresas relacionadas ao seu negócio.

No relatório, a XP reportou como possíveis riscos aqueles relacionados à cibersegurança, como o vazamento de dados de seus clientes, revelado em 2017, e à maior concorrência no mercado de capitais.

Benchimol afirmou que nenhuma parte dos recursos captados será destinada para a prevenção destes riscos.

“A legislação americana coloca várias obrigações [para que a listagem seja possível] e, por isso, tivemos que criar vários procedimentos novos [de governança corporativa] que não tínhamos antes. Com essas correções internas, não considero que estes riscos sejam relevantes”, afirmou.

O empresário disse que as exigências da SEC (órgão regulador de valores mobiliários dos Estados Unidos, o equivalente à CVM no Brasil) elevam o grau de governança corporativa da XP acima daquele no qual as empresas listadas no Brasil se encontram.

Entre os segmentos de listagem na B3 —Bolsa de Valores brasileira—, o Novo Mercado é aquele com o padrão mais elevado de governança corporativa, onde as empresas adotam, voluntariamente, práticas adicionais às exigidas pela legislação brasileira.

No segmento, só é permitida a emissão de papéis com direito de voto (ações ordinárias).

Diferente das regras brasileiras, a listagem nas Bolsas americanas também permite a emissão de ações preferenciais (sem direito a voto), situação que permite que as empresas emissoras mantenham o controle da companhia —como é o caso da XP.

De acordo com Benchimol, parte da decisão da companhia sobre abrir capital no exterior é a maior alavancagem também permitida pela legislação americana. 

“Eu gosto muito de enfatizar que a nossa primeira opção era abrir capital no Brasil. Mas infelizmente, nosso capital veio sendo diluído do ponto de vista societário desde 2010”, disse.

Naquele ano, fundos começaram a comprar participação na XP. Em 2017 foi a vez do Itaú Unibanco, que adquiriu 49,9% da corretora.

“No IPO nós até conseguiríamos manter o controle mas, caso fossem necessárias novas emissões, isso não seria mais possível”, afirmou Benchimol. 

Ele disse que, tão logo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) permita a dupla listagem —ou seja, abrir, no Brasil , o capital de uma empresa que tem ações negociadas em Bolsa no exterior—, a XP “sem dúvida” considerará a possibilidade de também abrir capital na Bolsa brasileira.

A CVM abriu consulta pública nesta quarta para que investidores no Brasil possam ter acesso a ações de empresas no exterior por meio de certificados lastreados nos papéis das companhias e negociados na Bolsa brasileira.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.