Alshop nega manipulação de dados do Natal e critica desconfiança

Lojas-satélite dizem desconhecer pesquisa que apontou alta de 9,5% de venda em shoppings

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São Paulo

A Alshop (Associação dos Lojistas de Shopping) nega que os números sobre as vendas de Natal apresentados na última quinta-feira (26) estejam errados. No sábado (28), outra associação, a Ablos (Associação Brasileira dos Lojistas Satélites) contestou os dados divulgados pela entidade.

Segundo a Alshop, o comércio natalino no varejo de shopping teve alta nominal de 9,5% em 2019 e crescimento anual de 7,5%. Os valores são nominais, o que quer dizer que não foi descontado o percentual da inflação.

A associação não divulgou a variação real (com desconto da inflação) das vendas no período.

O presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, afirma ficar “extremamente chateado” com os questionamentos feitos pela Ablos e que isso “mostra desunião do setor”.

“A Alshop divulga esses dados há mais de 10 anos, todo dia 26 de dezembro. Conversamos com lojistas de grandes e médias redes, fazemos uma balanço e dentro disso uma amostragem de expectativa do ano”, diz.

Ele afirma que são consultadas 400 empresas que representam 30 mil pontos de venda. 

O presidente da Ablos, Tito Bessa Jr, contesta e afirma que os dados não são reais. "Não conheço um lojista que tenha respondido uma pesquisa da Alshop", diz.

"O Nabil não consegue provar os dados, não tem base técnicas, não fez pesquisa", ataca Bessa Jr, que é fundador da rede TNG.

Segundo ele, pesquisa interna da Ablos mostrou que 70% das lojas tiveram desempenho pior ou igual a 2018 e que 30% disseram que melhorou pouco.

O executivo citou ainda uma pesquisa feita pela Cielo mostra que o varejo total teve um crescimento nominal de 3,7% na semana do Natal, entre os dias 19 e 25 de dezembro.

Sahyoun afirma que, quando a Ablos contesta os dados, está contestando todas as entidades consultadas pela Alshop, como a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), que não tem os números fechados ainda, mas estimam alta parecidas.

Bessa Jr. rebate: "O setor não está rachado, quem não tem credibilidade é a Alshop. Não estamos rachados com shopping nem com lojas-âncora [grandes lojas de varejo]. Nossas dificuldades resolvemos com diálogo. Mas a Ablos não quer que sejam vinculadas notícias falsas como essa. Vamos interpelar o Nabil judicialmente".

Sahyoun diz que pretende reunir economistas e entidades do setor em um evento na primeira quinzena de janeiro para apresentar os dados de como são feitas as pesquisas da associação.

“Quando fazemos esse levantamento, temos todo cuidado para poder analisar. Por exemplo, o faturamento de lojista no shopping center vai para a administração do shopping, porque é um dos métodos de cálculo do aluguel. Caso o lojista não atinja um percentual de faturamento, paga apenas o aluguel mínimo. Por isso os shoppings têm todo movimento de vendas, e esse é dos dados que consultamos”, afirma.

Para o presidente da Alshop, a discussão está em torno da cobrança de aluguéis.

“A Ablos está querendo que os shoppings não cobrem mais o 13º aluguel [comum no setor], quer que os aluguéis de uma loja-âncora [grandes redes de varejo], que gasta uma fortuna em publicidade, sejam calculados por metro quadrado, assim como é feito com as lojas-satélite, o que inviabilizaria o negócio”, diz Sahyoun.

A Ablos foi fundada neste ano após um aumento das reclamações de falta de representatividade por parte de algumas redes de varejo, principalmente com relação a cobrança de aluguéis. Atualmente, a entidade já registra mais de 90 lojas-satélite, que são aquelas de lojas de médio porte, com até 180 metros quadrados.

Entre os associados da Ablos há nomes como Melissa, TVZ, MOB, Any Any, Planet Girls, entre outros.

Não fazem parte da Ablos as grandes redes de varejo, conhecidas como lojas-âncora, que possuem lojas maiores e têm mais poder de barganha para negociar aluguéis com os shoppings.

Sahyoun também rechaça que a divulgação da alta de 9,5% pela Alshop, sem apresentar dados de variação real das vendas, seja uma forma de beneficiar o governo de Jair Bolsonaro ao apontar recuperação do setor.

“Não tenho um posicionamento. Sou a favor de todos os governos, Lula, Dilma [Roussef] e [Michel] Temer. A gente não toma partido, nosso estatuto não permite”, diz.

O presidente da associação disse ainda que o Ibope não participou da pesquisa, ao contrário do que havia sido informado pela assessoria da Alshop à imprensa na divulgação dos dados.

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