Bolsa estuda diminuir tarifas para atrair investidores

Expectativa é de redução de repasses para pessoas físicas e fomento do mercado de capitais

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São Paulo

A B3 (Bolsa de Valores brasileira) estuda reduzir as taxas impostas a corretoras e, dessa forma, atrair pessoas físicas ao mercado de capitais. O objetivo é evitar o repasse dessas cobranças e diminuir o custo de alocação para os investidores.

Segundo o presidente da companhia, Gilson Finkelsztain, as discussões ainda estão em estágios preliminares, mas a B3 não descarta possíveis isenções de algumas taxas e revisão, para baixo, de outras que hoje são cobradas.

Um dos incentivos já estudados está na cobrança da tarifa fixa na conta depositária de corretoras, que começa em R$ 9 mensais.

"Embora ainda não tenha nada definido, estamos sensíveis a isso. Muitas plataformas já absorvem esse custo e isentam os clientes" afirma o presidente da B3.

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Vista de painel do índice Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores paulista, a B3, - Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress

Ele afirma, ainda, que embora a tendência seja de que a isenção de taxas se amplie no mercado, não dá para garantir que todas as plataformas adotem o movimento.

"Algumas [corretoras] acabam repassando [a cobrança] e outras não, mas é um custo que atrapalha o crescimento e a atração de novas pessoas. Por isso vamos rever, e isso deve ter um reflexo positivo no mercado" completa Finkelsztain.

Bolsas estrangeiras

Sobre a competição com as Bolsas internacionais ante a preferência que algumas companhias brasileiras têm demonstrado por abrir capital no exterior, o presidente afirma que a Bolsa já busca fomentar o maior acesso do investidor a ativos fora do país.

"É inevitável falar de competição. É um tema que nos preocupa muito. Essa consulta pública [flexibilização de certificados de depósitos que permitem o investimento em ações estrangeiras], vem para viabilizar a negociação por aqui e, no médio prazo, possibilitar a [dupla] listagem" disse.

As discussões em torno da concorrência com o exterior ganharam força quando a XP Inc. optou por abrir capital na Nasdaq, Bolsa de tecnologia dos Estados Unidos.

No mesmo dia em que a XP começou a ser negociada na Nasdaq a CVM colocou em consulta pública um edital que estuda ampliar o acesso de investidores estrangeiros a Bolsas estrangeiras. A ideia é possibilitar que qualquer investidor, e não apenas o qualificado (que detém mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras) possa comprar BDRs. 

A medida foi vista com bons olhos pelo mercado e a expectativa é de que abra espaço também para a regulamentação de uma dupla listagem —a qual permitira que companhias que optaram por abrir capital em outro país pudessem também fazer IPO no Brasil.

Sobre as projeções de mercado para as novas ofertas públicas de ações (IPOs) e emissões secundárias (follow ons), o presidente da B3 afirma que a projeção é que essas ofertas alcancem um número semelhante ao observado neste ano, de 20 a 30 operações.

"Temos muita convicção no crescimento, mas precisamos ampliar o volume de ativos disponíveis. Falamos de BDRs, fundos imobiliários e créditos, além de diminuir o ticket médio do IPO para possibilitar a abertura de capital por empresas médias. Tudo isso conta" diz Finkelsztain.

Atualmente, o ticket médio da abertura de capital no Brasil é quatro vezes o valor de um IPO no exterior.

Segundo o executivo, a medida de flexibilização da bolsa para IPOs de empresas médias também aproximará a Bolsa brasileira de fintechs (empresas de tecnologia do setor financeiro). "É um novo nicho que começa e vemos um crescimento de demanda daqui pra frente" completa Finkelsztain.
 

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