Bolsonaro volta a dizer que Selic deve chegar a 4,5%

Em vídeo nas redes sociais, presidente comemora menos gastos com juros da dívida

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Rio de Janeiro | Reuters

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reiterou nesta segunda-feira (9) a expectativa de novo corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juro pelo Copom (Comitê de Política Monetária), o que representaria menos gastos do governo com os juros da dívida.

"Essa dívida interna monstruosa, tem que sinalizar que ela está em declínio. Conversando com o Roberto Campos, presidente do Banco Central, o juro, que está 5%, vamos supor que seja mantida a taxa Selic a 5%, isso aí vai proporcionar de economia no ano que vem R$ 97 bilhões. Em vez de R$ 400 bilhões, vamos gastar R$ 300 bilhões", disse Bolsonaro em vídeo transmitido ao vivo pelo Facebook.

"Se cair mais 0,5%, que pode ser que caia agora na próxima reunião do Copom, nós vamos gastar menos com isso", acrescentou.

Na segunda-feira (2), Bolsonaro disse em evento da Caixa Econômica Federal que a taxa básica de juros deve sofrer um novo corte e cair de 5% para 4,5%. 

Jair Bolsonaro durante solenidade em comemoração ao Dia Internacional do Voluntariado, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 2.dez.19/Folhapress

A taxa Selic está atualmente em 5,0% e a expectativa do mercado financeiro é que seja mesmo reduzida para 4,5%, como já indicou o próprio Banco Central. O Copom vai se reunir pela última vez no terça (10) e quarta-feira (11) desta semana.

O presidente afirmou ainda no vídeo que se a Selic continuar caindo e se aproximar da inflação, "basicamente está equacionada a questão da dívida interna nossa, um pouco equacionada".

Ao mesmo tempo que a inflação está bem abaixo da meta perseguida pelo BC e com expectativa de que assim permaneça no próximo ano, o crescimento acelerou, sugerindo que a economia está começando a responder ao estímulo monetário e às reformas econômicas do governo.

Economistas consultados pela Reuters ​​disseram que o Copom reduzirá a Selic em 0,50 ponto percentual pela quarta reunião consecutiva esta semana, como claramente indicado pelo Copom em sua última reunião, em outubro.

Mas as perspectivas mudaram consideravelmente. A expectativa unânime de taxas ainda mais baixas nos próximos 12 meses na pesquisa anterior se evaporou, e sequer há visão majoritária de que a inclinação é para Selic mais baixa.

Dos 26 analistas que responderam a pesquisa, 13 disseram que a inclinação para o juro no próximo ano é para baixo, dez afirmaram ser neutra e três consideraram que é de alta.

Em outubro, todos os 25 economistas consultados disseram que as taxas ficariam mais baixas em um ano.

"Não vejo o Copom cortando (o juro) abaixo de 4,50%", disse William Jackson, economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics.

"(Mas) embora a economia esteja se recuperando, não estará crescendo rápido o suficiente para gerar pressões sustentadas nos preços, então não creio que haja motivos para aperto monetário nos próximos 12 meses", acrescentou.

O fator decisivo para a inflexão parece ter sido os dados do PIB do terceiro trimestre divulgados semana passada, os quais mostraram que a economia avançou 0,6% no trimestre. O número veio melhor que o esperado, sendo o mais forte desde o início do ano passado, e levou alguns economistas a elevar suas projeções de crescimento para o próximo ano para acima da marca de 2,0%.

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