China reduz tarifa de importação de porco, abacate e ferronióbio

Tarifa sobre carne suína congelada será reduzida de 12% para 8%

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Pequim e São Paulo

A China vai reduzir no próximo ano tarifas sobre produtos que vão de carne suína congelada e abacate a alguns tipos de semicondutores, conforme o país busca aumentar as importações em meio à desaceleração da economia e à guerra comercial com os Estados Unidos.

Em 2020, a China vai implementar tarifas de importação temporárias, mais baixas do que as taxas para os países mais favorecidos, sobre mais de 850 produtos, disse o Ministério das Finanças nesta segunda-feira (23).

As mudanças foram adotadas para "aumentar as importações de produtos que enfrentam uma relativa escassez doméstica, ou produtos especiais estrangeiros para o consumo diário", explicou o ministério em comunicado em seu site.

China e Estados Unidos amenizaram sua guerra comercial neste mês ao anunciarem a fase 1 de um acordo que vai reduzir algumas tarifas dos EUA em troca de mais compras chinesas de produtos agrícolas norte-americanos e outros.

O Ministério das Finanças informou que a tarifa MFN (aplicada a todos os países com os quais a China não têm acordo de comércio) sobre carne suína congelada será reduzida de 12% para 8%.

A China enfrenta problemas na oferta depois que de uma grave doença suína dizimar sua produção de porcos. Um surto de peste suína africana que começou em agosto de 2018 reduziu quase pela metade o rebanho de porcos do país asiático, segundo dados oficiais. Com isso, os preços da carne suína subiram a níveis recordes.

A China emitiu uma série de medidas para impulsionar a produção de suínos, e tem elevado as importações de várias carnes para atender à demanda doméstica.

A China importou 229.707 toneladas de carne de porco em novembro, um aumento de mais de 150% em relação ao ano anterior. As importações de carne de porco nos primeiros 11 meses do ano ficaram em 1,733 milhão de toneladas, 58% a mais que no ano anterior.

Para a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), a redução de 33% da tarifa aplicada à exportação de suínos para a China deverá ter impacto positivo no setor.

Já para o vice-presidente da cooperativa Aurora, Neivor Canton, a redução da tarifa deve ser vista de maneira cautelosa, em face do recente entendimento entre EUA e China. A cooperativa exporta atualmente à China entre 12 mil e 15 mil toneladas de frangos e porcos ao mês.

"A redução de tarifa não necessariamente representa uma grande vantagem ao produtor brasileiro porque os EUA, em meio ao acordo de Trump e Xi Jinping, tem aumentado suas exportações de suínos para lá e pressionado o preço para baixo", afirma.

Segundo Canton, a Aurora vê um cenário positivo para o mercado externo em 2020, mas decidiu não expandir sua produção para não contribuir com uma eventual superoferta. Hoje, a cooperativa abate diariamente 22 mil porcos.

O governo chinês também reduzirá as tarifas de importação temporária de ferronióbio, usado como aditivo ao aço de baixa liga e aço inoxidável de alta resistência para oleodutos e gasodutos, carros e caminhões, de 1% para zero em 2020, visando o desenvolvimento de alta tecnologia.

O país importou 35.909 toneladas de ferronióbio em 2018 e 37.818 toneladas nos primeiros dez meses deste ano.

A tarifa sobre abacate congelado foi reduzida para 7% em relação ao imposto da nação mais favorecida de 30%, disse o ministério.

A economia da China está se expandindo em sua taxa mais fraca em quase 30 anos e pode enfrentar mais pressão no ano que vem, mas o governo prometeu manter o crescimento dentro de um intervalo razoável em 2020 e manter políticas eficazes.

(Com Reuters)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.