Citi vê aceleração da economia brasileira e cita cenário externo e reformas como riscos

Instituição projeta crescimento do PIB de 2,2%, juros em 4,5% e dólar a R$ 3,95 em 2020

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São Paulo

O economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto, projeta uma aceleração do crescimento da economia brasileira de 1,1% neste ano para 2,2% no próximo, puxada pelo consumo, mas também com contribuição importante dos investimentos.

Para a instituição, que divulgou suas projeções nesta sexta-feira (13), uma desaceleração da economia mundial e a acomodação do Brasil em relação às reformas econômicas estão entre os principais riscos para confirmação desse cenário.

A equipe global do Citi não trabalha com a hipótese de escalada da guerra comercial entre EUA e China no ano das eleições presidenciais americanas e estima que o crescimento da economia mundial deve passar de 2,6% neste ano para 2,7% no próximo.

Nesta sexta, os EUA anunciaram o fechamento da "fase 1" do acordo comercial com a China.

“Os ventos contrários vindos de fora podem ser amenizados no próximo ano. Uma escalada na guerra comercial seria o maior risco para esse cenário”, afirma Porto.

Em relação às questões internas, ele cita o risco de Executivo e Legislativo se acomodarem diante da melhora dos indicadores econômicos e não seguirem com as reformas, embora avalie que a PEC Emergencial e a MP do Emprego Verde Amarelo são as duas propostas com maiores chances de aprovação em 2020.

“Uma preocupação que eu tenho é com complacência política. Avaliar que, dado que está tudo bem, não precisa mais fazer reformas. A reforma da Previdência não é suficiente, são necessárias novas medidas de ajuste fiscal. Espero que no primeiro semestre a gente tenha mais reformas”, diz o economista.

Porto cita também a necessidade de monitorar o processo de endividamento das famílias. A diferença entre um consumo avançando a um ritmo de quase 3% e uma massa salarial em cerca de 2% tem sido coberta por meio do crédito às famílias.

“Existe espaço para que o comprometimento de renda não seja uma restrição [ao crescimento do consumo] ao longo de 2020, mas é algo que depende da velocidade de melhora do mercado de trabalho”, afirma.

A projeção de câmbio da instituição é de R$ 4,05 no final deste ano e R$ 3,95 no próximo. Embora espere mais pressão sobre a inflação em dezembro, por causa do preço da carne, o Citi diz que o choque é temporário e que o índice de preços deve terminar 2020 abaixo do centro da meta pelo quarto ano seguido, em 3,8%, para uma meta de 4%.

Para a taxa Selic, o banco mudou a projeção de 4% para 4,5% no final de 2020, ou seja, manutenção do nível atual, após a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) desta semana.

De acordo com o economista, a recuperação da economia brasileira é baseada atualmente em apenas um instrumento, a política monetária, que tem agido sobre os canais do consumo e do investimento. 

Porto estima crescimento de 2,9% no consumo das famílias e mais de 4% no investimento no próximo ano. Ele afirma que, mesmo sem o incentivo do FGTS, o crescimento anualizado da economia está próximo de 2%.

“A demanda doméstica dá sinais cada vez mais claros de que está ganhando tração, principalmente pelos componentes consumo e investimento. É de se esperar que o investimento seja um segundo ‘drive’ que se juntou ao consumo das famílias para impulsionar um crescimento mais forte.”

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