Trump diz que vai retomar tarifas de aço e alumínio do Brasil e da Argentina

Presidente diz que desvalorização das moedas não é bom para agricultores norte-americanos

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Brasília e São Paulo

Os Estados Unidos irão impor tarifas sobre as importações de aço e alumínio procedentes de Brasil e Argentina, anunciou nesta segunda-feira (2) o presidente Donald Trump em seu perfil no Twitter.

"Brasil e Argentina desvalorizaram fortemente suas moedas, o que não é bom para nossos agricultores", tuitou Trump. "Portanto, com vigência imediata, restabelecerei as tarifas de todo aço e alumínio enviados aos Estados Unidos por esses países"​.

Trump também pediu que o Federal Reserve (banco central dos EUA) impeça que países tomem vantagem de um dólar mais forte, desvalorizando suas moedas.

presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda que, se for preciso, telefonará para Trump para encontrar uma solução para a ameaça de retomada das tarifas de importação sobre o aço e o alumínio do Brasil e da Argentina.

Na entrada do Palácio do Alvorada, onde parou para conversar com o grupo de eleitores, o presidente disse que tratará o assunto na tarde desta segunda com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e ressaltou que tem um “canal aberto” com Trump.

“Eu vou conversar com o Paulo Guedes. Se for o caso, ligo para o Trump. Eu tenho um canal aberto com ele”, disse. “Eu converso com o Paulo Guedes e depois dou a resposta. Para não ter que recuar”, afirmou Bolsonaro.

Mais tarde, em entrevista à Rádio Itatiaia, Bolsonaro disse não considerar a ameaça de Trump como uma "retaliação", mas reconheceu que ela fortalece o discurso dos partidos de oposição contra o seu governo.

"Primeiro, é munição par a o pessoal opositor meu no Brasil", disse. "A economia deles não se compara com a nossa, dezenas de vezes maior que a nossa. E não vejo isso como uma retaliação", acrescentou.

Bolsonaro acrescentou que conversará com Trump para que ele não penalize o Brasil também na questão do alumínio e disse ter "quase certeza" de que o presidente norte-americano atenderá ao pedido brasileiro.

O presidente Donald Trump em Maryland, EUA - Yuri Gripas/Reuters

"A alegação dele é a questão das commodities. A nossa economia basicamente vem dos commodities. É o que nós temos e espero que tenha o entendimento dele que não nos penalize no tocante a isso", disse. "E tenho certeza, tenho quase certeza que ele vai nos atender", ressaltou.

O presidente observou que a elevação do dólar tem relação com conflitos externos, como a guerra comercial entre Estados Unidos e China e a instabilidade política em países da América do Sul. "O mundo todo está conectado e dependemos em grande parte do mundo estar indo bem para nós irmos bem", disse.

Em resposta ao tuíte de Trump, um porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Argentina disse que iniciará as negociações com o Departamento de Estado dos Estados Unidos.

Relação Brasil/Estados Unidos no governo Bolsonaro

Em novembro, a cotação do dólar teve alta de quase 6%, atingindo pelo terceiro recorde seguido o valor de R$ 4,2580 na quarta-feira (27). Nesta segunda, a moeda abriu em alta e chegou a R$ 4,257.

Os principais motivos que justificam a alta do câmbio estão a saída de dólares do país, a frustração com o leilão do pré-sal e a fala do ministro Paulo Guedes (Economia) em evento em Washington, onde afirmou que o país deveria se acostumar com o elevado patamar do câmbio e que, nesse cenário, as indústrias devem vender mais para fora.

Em março de 2018, Trump estabeleceu tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio importados ao país, um dos maiores compradores mundiais desses insumos. À época, o governo brasileiro disse que as tarifas estabelecidas eram injustificadas, mas que permanecia aberto para encontrar uma solução. 

Já em agosto do mesmo ano, o governo norte-americano voltou atrás e anunciou um alívio nas cotas de importação acima dos percentuais livres de sobretaxas.

*Colaborou Amanda Lemos, de São Paulo

(Com Reuters)

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