Turistas devem levar apenas dólares para a Argentina

Recomendação é sair do Brasil com a moeda para se proteger do peso instável

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São Paulo

Com a instabilidade econômica na Argentina, a recomendação para quem vai passar as próximas férias no país vizinho é levar apenas dólar. 

A forte oscilação e desvalorização do peso nos últimos meses torna a moeda dispensável, já que a economia argentina é dolarizada e são raros os estabelecimentos, mesmo em lugares remotos, que não aceitam a moeda americana.

“O peso tem uma volatilidade muito grande, vale a pena levar tudo em dólar. Fora que há muita falsificação, pois o papel-moeda é velho e de má qualidade, o que dificulta a diferenciação”, diz Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio e sócio da Frente Corretora.

Em dezembro, pós-período eleitoral, o peso argentino segue estável em relação à moeda americana, a 60 pesos por dólar, máxima histórica nominal. Em agosto, com a inesperada vantagem do atual presidente, Alberto Fernández, nas primárias argentinas —espécie de prévia das eleições—, o dólar disparou 35,6% e atingiu o patamar atual.

Painel em casa de câmbio em Buenos Aires; dólar subiu 35,6% só em agosto, para os atuais 60 pesos - Ricardo Moraes - 28.out.19/Reuters

Devido à forte alta, o governo do então presidente, Mauricio Macri, impôs um limite de compra de US$ 200 por mês, dos quais apenas US$ 100 podem ser comprados em espécie em casas de câmbio, enquanto outros US$ 100 devem ser adquiridos de forma eletrônica, uma tentativa de limitar a evasão de divisas.

A medida elevou o preço da moeda no mercado paralelo (chamado dólar blue), cotado acima dos 70 pesos.

“Como eles têm uma restrição à compra da moeda americana e a demanda por lá está alta, é melhor levar tudo em dólar do Brasil. Mas é preciso estar atento ao câmbio e fazer conta o tempo todo. Se for mais barato pagar com peso, vá a uma casa de câmbio e faça a troca no valor da compra”, afirma 
Michael Viriato, professor de finanças do Insper.

Segundo ele, é preciso estar atento à cotação das casas de câmbio, que variam diariamente. Ele recomenda ainda que o turista leve toda a quantia que planeja gastar em espécie e deixe o cartão de crédito para emergências, já que há incidência de 6,38% de IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras).

Para Velloni, caso o estabelecimento não aceite dólares, pode ser vantajoso pagar com o cartão de crédito, que irá efetuar a compra na moeda americana, mesmo que ele tenha uma cotação mais alta de dólar e a incidência de impostos.

“O câmbio do cartão de crédito gira em torno de R$ 4,25 por dólar. Nesse aspecto, os cartões pré-pagos são vantajosos, pois neles o dólar sai mais barato, a R$ 4,15”, diz o economista. O pré-pago tem a mesma alíquota de IOF que o cartão de crédito.

Os cartões pré-pagos podem ser adquiridos em casas de câmbio, em algumas agências de viagem, em bancos e em a empresas de cartão de crédito. Eles são carregados com uma determinada quantia em dólares e podem ser reabastecidos ao decorrer da viagem pela internet.

Velloni aponta ainda que o dólar também é preferível ao euro e ao real, aceito por muitos argentinos, já que seu poder de compra é, proporcionalmente, maior por ter mais liquidez.

O dólar também é mais vantajoso na volta ao Brasil, caso sobre dinheiro da viagem. É mais fácil, e vantajoso, se desfazer da divisa americana do que do peso argentino.

No Brasil, o dólar fechou a R$ 4,083 nesta segunda-feira (23), queda de 0,26%. O turismo era cotado a R$ 4,24.

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