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Bolsa reduz taxas para que corretoras atraiam investidores para ações

Maioria das corretoras pagam à B3, mas isentam as tarifas de clientes

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São Paulo

A B3 (Bolsa de Valores brasileira) anunciou nesta quinta-feira (2) a redução da tarifas cobradas para investimentos no mercado de ações e de balcão, em uma iniciativa que tem por objetivo atrair mais investidores para o mercado financeiro.

Dentre as principais mudanças estão a isenção do custo fixo de manutenção da conta (que atualmente está em R$ 110 ao ano para investidores locais) e a isenção da tarifa de custódia para os investidores com menos de R$ 20 mil, situação que beneficiaria 65% dos investidores com conta.

Segundo a Bolsa, se as novas tarifas estivessem valendo, ela teria tido receita R$ 250 milhões menor no ano passado.

Painel eletrônico de negociação de ações na sede da Bolsa brasileira, em São Paulo
Painel eletrônico de negociação de ações na sede da Bolsa brasileira, em São Paulo - Amanda Perobelli/Reuters

Essas taxas, na prática, já não são cobradas de investidores, mas pagas pelas corretoras à B3. Segundo o presidente da Bolsa, Gilson Finkelsztain, a medida deve ajudar corretoras a atrair mais investidores.

“Isso elimina as restrições orçamentárias de corretoras e pode ser um estímulo significativo para a atração de clientes. Além disso, as mudanças também impactam investidores institucionais e pessoas jurídicas”, disse em teleconferência para detalhar a redução de taxas.

No último ano, o número de investidores na B3 mais que dobrou. Em dezembro de 2018, a Bolsa tinha 813 mil investidores e fechou 2019 com 1,7 milhão

Além disso, outras medidas como a diminuição automática de tarifas conforme o aumento do volume investido, a equalização de taxas entre os diferentes investidores, o estímulo a operações de empréstimos de ativos e uma tabela específica para grandes day traders (que fazem a negociação ativos ao longo do dia), também estão entre as alterações.

Em dezembro, Finkelsztain já havia sinalizado que a companhia estudava formas de desonerar as taxas impostas às corretoras para atrair pessoas físicas ao mercado de capitais. Além do cenário macroeconômico mais positivo e propício para a Bolsa de Valores, o movimento também vem em um momento de esforços conjuntos entre a própria B3 e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para fomentar uma maior competição no segmento. 

Segundo o presidente da B3, ainda que essas mudanças impliquem em uma redução de receita no curto prazo para a companhia, o aumento da base de investidores mitigaria esses efeitos no médio e longo prazo.

“Esse aumento virá de diversas frentes mas, principalmente, de três: do maior volume de pessoas físicas que começarão a operar no mercado acionário, do maior volume que fundos locais continuarão a ter na captação para multimercados e de ações e também do maior volume que esperamos capturar de investidores estrangeiros”, disse.

Para ele, o momento mais favorável ao mercado de capitais diante da agenda de reformas do governo e do cenário de inflação sob controle e juros na mínima histórica tem sido os catalisadores do setor. O Ibovespa, o principal índice de ações do Brasil, se valorizou 32% em 2019.

“O nosso objetivo não é maximizar a receita de curto prazo da companhia, mas fortalecer o mercado de capitais no médio e longo prazo, dando abertura para a possibilidade de mais investidores entrarem. Estamos fazendo isso agora porque a B3 é uma empresa cuja receita aumenta em função do maior volume de negócios e não proporcionalmente as custos”, afirma.

Ainda de acordo com o executivo, as alterações serão implementadas ao longo de 2020, mas a expectativa é de que até o final do primeiro semestre, ao menos todas as mudanças voltadas para pessoas físicas já estejam em vigor.

“Ainda precisamos finalizar as adaptações no sistema da B3, mas a ideia é que esse cronograma seja antecipado assim que tivermos o ‘ok’ dos participantes do mercado”, completa Finkelsztain.

Concorrência

Sobre a maior competição no mercado, Finkelsztain afirmou que já considera a B3 uma empresa muito competitiva e que tem trabalhado, junto ao regulador, para equalizar a regulação e permitir uma real competição entre a companhia e as Bolsas estrangeiras.

“Temos tentado atacar o tema de exportação de mercado. Esse é o nosso maior empecilho e entendemos que, para isso, não pode ter uma arbitragem regulatória. É isso que precisamos preservar para sermos tão competitivos quanto lá fora”, disse.

As discussões em torno da concorrência com o exterior ganharam força quando a XP optou por abrir capital na Nasdaq, Bolsa de tecnologia dos Estados Unidos.

No mesmo dia em que a XP começou a ser negociada na Nasdaq, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) colocou em consulta pública um edital que estuda ampliar o acesso de investidores estrangeiros a Bolsas estrangeiras. A ideia é possibilitar que qualquer investidor, e não apenas o qualificado (que detém mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras) possa comprar BDRs (recibos de ações estrangeiras negociadas no Brasil).

A expectativa é de que a medida abra espaço também para a regulamentação de uma dupla listagem —a qual permitiria que companhias que optaram por abrir capital em outro país pudessem também fazer IPO no Brasil.

“Já temos concorrência em mercados do mundo inteiro e fizemos um trabalho minucioso para que o modelo de tarifação esteja mais adequado ao que acreditamos ser a perspectiva de crescimento. O foco não é na concorrência, mas no cliente”, completou Finkelzstain.

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