Bolsonaro diz que EUA deixaram de apoiar Argentina na OCDE por culpa de Fernández

Presidente afirma que decisão dos EUA é resultado da vitória do peronismo no país vizinho

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar, nesta quinta-feira (16), o governo Alberto Fernández na Argentina e disse que a decisão dos Estados Unidos de priorizar o Brasil no acesso à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é resultado da vitória do peronismo no país vizinho.

"Tivemos agora a experiência na Argentina. Primeira consequência: outros países, o americano na frente, nos fez passar na OCDE [na frente] da própria Argentina. A gente torce para que a Argentina dê certo, mas sabemos que pelo quadro político que está lá eles vão ter dificuldade. Fizeram a opção de eleger quem os colocou na situação de desgraça [em] que se encontravam", declarou Bolsonaro, em um vídeo transmitido pelas redes sociais.

A fala de Bolsonaro ocorreu após ele assistir a uma apresentação musical de crianças venezuelanas recebidas pela Operação Acolhida —ação das forças armadas que atende e interioriza refugiados que deixaram a Venezuela em razão da crise política e econômica que assola o país. 

Na foto, o presidente da Argentina, Alberto Fernandéz, aparece do lado direito da foto, com um semblante sério
Alberto Fernández, presidente da Argentina - Ricardo Moraes/Reuters

Nesta semana, o governo dos Estados Unidos anunciou que passou a endossar como prioritária a candidatura do Brasil para acesso à OCDE. 

Na prática, o gesto americano significa que Washington defende que o Brasil ocupe a vaga que era da Argentina na fila de postulantes a um lugar no chamado clube dos países ricos. 

Em outubro, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, enviou um documento ao secretário-geral da entidade, Angel Gurria, em que dizia que Washington defendia as candidaturas imediatas apenas de Argentina e Romênia. 

A ausência do Brasil naquele documento gerou queixas de que o alinhamento de Bolsonaro com o presidente Donald Trump não estaria trazendo os resultados esperados. Embora a reação negativa no Brasil tenha levado Pompeo a dizer que a carta não representava “com precisão” a opinião americana, a falta de um endosso mais explícito acentuou as críticas em Brasília contra o alinhamento com os EUA.

Agora, a formalização do apoio foi costurada em Washington justamente para rebater os argumentos de que o Brasil não estaria recebendo nada em troca das concessões feitas aos americanos.

Apesar de Bolsonaro ter afirmado nesta quinta que a nova posição dos americanos é uma espécie de punição contra o governo Fernández, Washington avisou a Argentina com antecedência antes do anúncio oficial de endosso ao Brasil.

 

Segundo interlocutores, os argentinos disseram que já não veem o ingresso na OCDE como prioridade e que estão focados na renegociação da sua dívida junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional). 

A campanha eleitoral argentina foi marcada por trocas de provocações entre Bolsonaro e Fernández. Nas últimas semanas, no entanto, ambos líderes vinham reduzindo as tensões e as chancelarias dos dos países trabalhavam numa reaproximação. 

Em 31 de janeiro, por exemplo, está agendada uma visita a Brasília do ministro de Relações Exteriores argentino, Felipe Solá.

Nesta quinta, Bolsonaro também disparou diversas críticas contra o regime venezuelano, comandado pelo ditador Nicolás Maduro.  

"Como pode um regime destruir uma nação? Uma garotada, venezuelanos que estão em Pacaraima, no estado de Roraima. Jovens que saíram do país, frutos da ditadura do regime socialista que começou a ser imposto lá atrás, por Hugo Chávez. Um país riquíssimo em petróleo e ouro, entre outras coisas; e dada à política nefasta que Chávez e depois Maduro levaram para a Venezuela hoje é um povo sofrido", afirmou o presidente.

 
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