Com varejo pior que o esperado, Bolsa cai 1% e dólar sobe para R$ 4,18

Mercado brasileiro foi na contramão do otimismo global com acordo comercial

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São Paulo

O mercado financeiro brasileiro teve o pior pregão de 2020 nesta quarta-feira (15), com queda de 1%, da Bolsa brasileira, a 116 mil pontos. Investidores foram surpreendidos pelo desempenho pior que o esperado das vendas no varejo brasileiro em novembro. O movimento de aversão a risco também impactou a cotação do dólar comercial, que subiu 1,2%, a R$ 4,181, maior valor desde 5 de dezembro. O turismo foi a R$ 4,35.

Painel da Bolsa de Valores brasielira
Vendas no varejo decepcionam e Bolsa cai 1% - Diego Padgurschi /Folhapress

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as vendas no varejo em novembro cresceram 0,6% em relação a outubro, impulsionadas pela Black Friday. Economistas ouvidos pela agência Bloomberg, no entanto, projetavam crescimento de 1,1%.

"Entendemos que se trata de uma grande frustração de expectativa com relação ao ritmo da recuperação da atividade econômica nesse quarto trimestre de 2019", diz relatório da XP Investimentos.

"Apesar de ter jogado um balde de água fria sobre as estimativas mais otimistas do mercado, o consumo continua apresentando um avanço consistente com a recuperação da economia brasileira - lenta, mas constante ao do 2º semestre de 2019. De qualquer maneira, quando combinada com os resultados dos setores industrial e de serviços para o mesmo mês, a leitura reforça a dificuldade da economia em retomar tração" diz relatório da Guide Investimentos.

Ambas as corretora apontam que o indicador mais fraco aumenta a chance de um corte de 0,25 ponto percentual na Selic em fevereiro.

A queda na taxa básica de juros contribui para a depreciação do real por meio do carry trade, prática de investimento em que o ganho está na diferença do câmbio e do juros, pois o investidor toma dinheiro a uma taxa de juros menor em um país, no caso, os EUA, para aplicá-lo em outro, com outra moeda, onde o juro é maior, o Brasil. Com juros baixos no Brasil, essa operação deixa de ser vantajosa e estrangeiros retiram seus recursos, em dólar, do país, o que eleva a cotação da moeda.

Dentre emergentes, o real teve o pior desempenho da sessão nessa quarta. No ano, a cotação do dólar no Brasil acumula alta de 4%.

No exterior, os índices acionários americanos Dow Jones e S&P 500 bateram suas máximas históricas com o otimismo em torno da assinatura da fase 1 do acordo comercial entre China e Estados Unidos. 

Dow Jones teve alta de 0,3% e alçou o patamar inédito de 29 mil potos. S&P 500 subiu 0,2% e Nasdaq fechou estável. 

A resolução é o primeiro passo para colocar fim a uma guerra comercial entre os países que já dura cerca de dois anos e engloba mudanças nas áreas de propriedade intelectual, transferência tecnológica, agricultura, serviços financeiros, moeda estrangeira e câmbio.

Para evitar mais tarifas americanas a suas exportações, os chineses se comprometeram a comprar cerca de US$ 40 bilhões (R$ 167 bilhões) ao ano de produtos agrícolas americanas, por dois anos —até 2021.

"Por ora, o acordo deve promover um alívio sobre as expectativas, uma vez que sinaliza que ambos os países desejam apaziguar tensões que tem exercido pressões sobre a atividade econômica, principalmente àquela relacionada à indústria. Não obstante, o fato de que Trump pretende deixar em vigor uma gama de tarifas sobre bens de consumo até as eleições deve continuar sustentando a existência de incerteza ao longo de 2020", diz relatório da Guide.

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