Descrição de chapéu Financial Times

Companhias aéreas e varejistas suspendem operações na China por causa do coronavírus

Seis províncias decidiram retomar atividades não essenciais somente em 10 de fevereiro

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Londres | Financial Times

Empresas internacionais, de companhias de aviação a montadoras de automóveis, passando por empresas de tecnologia e de bens de consumo, restringiram dramaticamente suas operações na China, com o agravamento do impacto da crise do coronavírus sobre as atividades empresariais.

A British Airways se tornou a primeira companhia internacional de aviação a suspender todos os seus voos de e para a China continental, na quarta-feira, e a Starbucks fechou duas mil de suas unidades temporariamente; cadeias de varejo como a Uniqlo e a H&M decidiram fechar dezenas de lojas.

As autoridades chinesas informaram que o total de mortes causadas pelo surto chegou a 132, e que o número de casos confirmados no país subiu a 5.974.

Cidadãos estrangeiros que estavam na cidade de Wuhan, na província de Hubei, centro da China, o foco do surto, foram evacuados; os voos transportando cidadãos japoneses e dos Estados Unidos partiram na manhã de quarta-feira.

As grandes companhias de aviação estão entre as empresas mais afetadas pela crise, à medida que crescem as preocupações quanto ao impacto do surto sobre as viagens internacionais.

Funcionário atrás de balcão de farmácia com aviso: "vendemos todas as máscaras hoje; limite de 10 máscaras por compra a partir de 8h30 amanhã" - Cheng Leng/Reuters

O preço das ações da IAG, controladora da British Airways, caiu em mais de 10% da metade de janeiro para cá, enquanto rivais europeias como a AirFrance-KLM e a Lufthansa também foram atingidas.

A British Airways, que opera voos para Pequim e Xangai, disse que a suspensão de seus voos tinha sido decidida depois que a Secretaria do Exterior britânica recomendou que os cidadãos do país evitassem todas as viagens não essenciais à China continental.

“Pedimos desculpas aos passageiros pela inconveniência, mas a segurança de nossos clientes e tripulação é sempre nossa prioridade”, a companhia afirmou. A British Airways suspendeu as vendas de passagens para a China até o começo de março.

A maior companhia privada de aviação da Índia, IndiGo, anunciou na quarta-feira que estava suspendendo suas rotas para Chengdu e Hong Kong, mas que manteria os voos para Guangzhou. A United Airlines suspendeu alguns voos para a China e Hong Kong.

As medidas anunciadas na quarta-feira se seguem à decisão da Cathay Pacific, companhia de aviação sediada em Hong Kong, de reduzir à metade seu número de voos de e para a China continental, depois que a executiva chefe do território, Carrie Lam, prometeu reduzir a escala das conexões com a China continental a fim de evitar a difusão do vírus.

Mais de US$ 1 bilhão do valor de mercado da Cathay Pacific foi perdido na quarta-feira, quando suas ações caíram em até 5% na abertura do mercado.

Seis províncias da China continental decidiram que as atividades não essenciais só seriam retomadas em seu território em 10 de fevereiro, estendendo o feriado de Ano-Novo lunar.

Entre elas estão Jiangsu e Guangdong, polos de fabricação de eletrônicos que ocupam posições centrais nas cadeias mundiais de suprimento.

Entre os grandes grupos de tecnologia que têm fábricas em pelo menos um dos polos tecnológicos estão a Foxconn e Pegatron, as duas maiores montadoras do iPhone, e fabricantes de maquinaria como a Murata e a Japan Dsplay, além das gigantes da eletrônica sul-coreana Samsung e LG.

Os grupos automobilísticos, que têm fábricas espalhadas pela região, também foram especialmente prejudicados. A japonesa Toyota e a sul-coreana Hyundai estão entre as montadoras que fecharam fábricas, enquanto Honda, Nissan e os grupos franceses PSA e Renault começaram a remover do país seus trabalhadores não chineses.

Mesmo instalações automobilísticas localizadas fora da área de Hubei estão sendo afetadas, por conta dos fabricantes de autopeças espalhados pela região.

“A maior questão para aqueles de nós que não estão em Wuhan ou Hubei é se podemos continuar confiando em fornecedores que estão lá”, disse um executivo importante de um grupo automobilístico internacional, que acrescentou que as linhas de suprimento tinham sido prejudicadas pela paralisação das ferrovias em Wuhan.

Algumas marcas internacionais de bens de consumo também foram forçadas a suspender algumas de suas operações na China.

A Starbucks anunciou que fecharia duas mil lojas no país. O grupo japonês de moda Fast Retailing suspendeu as operações de 100 lojas da Uniqlo em Hubei, enquanto a H&M, da Suécia, fechou 45 lojas.

A Apple alertou na terça-feira sobre o potencial impacto do surto sobre sua cadeia de suprimento, alterando suas projeções de faturamento no primeiro trimestre para levar em conta a incerteza.

“A situação ainda está se desenrolando, surgiu há muito pouco tempo”, disse o vice-presidente financeiro Luca Maestri. “Esse é o motivo para que tenhamos adotado faixas de flutuação mais ampla em nossas projeções”.

Ele acrescentou que a Apple tinha fornecedores em áreas de Wuhan que estão sendo isoladas, mas que a empresa tinha planos de emergência para obter componentes de outras origens, se necessário.

Outras companhias, como os bancos HSBC e Standard Chartered, o grupo de eletrônica LG e o Facebook. suspenderam ou restringiram viagens de seus empregados à China.

O mercado de ações de Hong Kong, o primeiro da China a retomar as operações depois do feriado de Ano-Novo, caiu acentuadamente, e o índice Hang Seng, a referência do mercado, mostrou baixa de até 3%.

O índice Hang Seng China Enterprises, que acompanha o desempenho das grandes companhias da China continental com ações cotadas em Hong Kong, caiu por margem semelhante. Mas as ações europeias abriram com mais firmeza e as operações dos mercados futuros apontavam para avanços em Wall Street.
 


Financial Times, tradução de Paulo Migliacci

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