Descrição de chapéu Financial Times

EUA vão suspender rótulo de 'manipulador de câmbio' da China antes de acordo comercial

Ação reverteria medida de Trump no ano passado de aplicar o título a Pequim

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James Politi Brendan Greeley
Washington | Financial Times

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos deve suspender a designação da China como manipulador de moeda, de acordo com um membro do governo, enquanto se prepara para a assinatura nesta semana de um acordo com Pequim para interromper sua guerra comercial.

A medida reverte uma decisão controversa do governo Trump de rotular a China com o título de manipulador de moeda segundo semestre do ano passado, quando as tensões entre Washington e Pequim aumentaram acentuadamente.

Isso poderia apontar uma trégua mais duradoura entre as duas maiores economias do mundo, já que resolve uma das principais fontes de irritação da China com Washington.

A moeda chinesa, renminbi, vinha se depreciando constantemente em relação ao dólar ao longo da guerra comercial, compensando o impacto das tarifas americanas e irritando as autoridades dos EUA. Ele começou a se valorizar nos últimos meses, à medida que as duas economias buscavam um acordo, e deu um salto nos últimos dias, animada pela assinatura do acordo comercial planejada para esta semana.

O Tesouro americano foi criticado por rotular a China de país manipulador de moeda, em primeiro lugar, com ex-autoridades dos EUA dizendo que foi uma medida política para punir Pequim e pressionar seus negociadores comerciais.

"Isso nunca deveria ter acontecido (...) A China administra, mas não manipula sua moeda", disse Mark Sobel, ex-funcionário do Tesouro no governo Obama. “Seu superávit em conta corrente é pequeno como parcela do PIB. A China não intervém nos mercados de câmbio há anos."

Liu He, vice-primeiro-ministro chinês, deverá viajar a Washington nesta semana para participar de uma cerimônia na Casa Branca para assinar o acordo comercial com autoridades americanas. O evento também deverá contar com uma aparição do presidente Donald Trump.

O acordo comercial em "primeira fase", que será assinado nesta semana, deverá incluir um capítulo sobre câmbio que comprometa Pequim a não se envolver em desvalorizações competitivas.

O acordo fechado entre os EUA e a China interromperá qualquer escalada das tarifas no futuro próximo, e reverterá uma pequena parte das atuais cobranças de impostos sobre produtos chineses.

Em troca, a China disse que comprará pelo menos US$ 200 bilhões em produtos americanos, incluindo cerca de US$ 40 bilhões em produtos agrícolas, e fez uma série de outras promessas sobre questões que vão do acesso de empresas de serviços financeiros ao mercado à proteção de direitos de propriedade intelectual.

No entanto, o acordo em "primeira fase" não trata de algumas das fontes mais profundas e espinhosas das tensões econômicas entre Washington e Pequim, como o uso pela China de subsídios industriais e os furtos cibernéticos.

A decisão do governo dos EUA de abandonar sua designação de manipulador de moeda para a China ocorre entre outros sinais de que os dois países estão comprometidos com um ano mais pacífico em suas relações comerciais. Ambos também pretendem reanimar um diálogo econômico formal, semelhante às reuniões semestrais que ocorreram durante os governos anteriores —e um sinal de que o governo Trump estaria inclinado a voltar ao envolvimento com a China, em vez de apenas o confronto.

A decisão de reverter a designação de manipulador de moeda poderá enfrentar uma reação dos falcões da China no Capitólio, que têm pedido ao Tesouro que mantenha a pressão sobre Pequim.

O Tesouro dos EUA e a Casa Branca se recusaram a comentar.

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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