Fuga de Ghosn provoca discussão sobre mais restrições no sistema judicial do Japão

Ao chegar no Líbano, executivo afirmou que não seria mais refém de um sistema fraudulento

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Tóquio | Reuters

O ousado voo de Carlos Ghosn do Japão, onde ele aguardava julgamento por acusações de irregularidades financeiras, provocou a retomada de críticas globais ao "sistema de reféns" da Justiça do país, mas no Japão há conversas sobre reverter determinações mais brandas de réus.

O ex-chefe da japonesa Nissan Motor e da francesa Renault fugiu para o Líbano, dizendo na terça-feira (31) que "escapou da injustiça" e que "não seria mais refém de um sistema judicial japonês fraudulento".

Ghosn, nascido no Brasil, foi preso pela primeira vez em novembro de 2018, quando seu jato particular pousou em Tóquio, e ficou preso por mais de 100 dias, com os promotores acrescentando mais acusações, todas negadas por ele. O empresário foi libertado sob fiança de 9 milhões de dólares em março --apenas para ser preso e libertado novamente no mês seguinte.

Ele estava enfrentando quatro acusações, incluindo a subnotificação de seu salário na Nissan e a transferência de prejuízos financeiros pessoais para os registros de seu empregador enquanto ele dirigia a segunda maior montadora japonesa.

Sua aparente fuga do sistema jurídico do Japão —Tóquio e Líbano não têm um tratado de extradição— provavelmente interromperá ou reverterá uma tendência dos últimos anos de conceder fiança em mais casos, disse Colin Jones, professor de direito da Faculdade de Direito Doshisha em Kyoto.

"Eu projetaria que fique mais difícil para os réus estrangeiros obter fiança", afirmou Jones.

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