País gera 644 mil vagas com carteira assinada em 2019, maior saldo anual desde 2013

Resultado supera expectativa da equipe econômica; secretário estimava saldo de pelo menos 635,5 mil novos postos de trabalho formais

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Brasília

​Acima da expectativa do governo, foram criadas no ano passado 644.079 vagas com carteira assinada no país. Esse é o melhor resultado anual desde 2013, quando foram gerados mais de 1,1 milhão de postos de trabalho formais.

Em um cenário otimista, a equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) espera, em 2020, um aquecimento do mercado de trabalho, que pode, na avaliação de técnicos, abrir 1 milhão de novas vagas formais se o PIB (Produto Interno Bruto) avançar 3%. 

Essa projeção de expansão da economia, porém, está acima da estimativa oficial (2,4%).

Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Ministério da Economia, mostraram ainda um desempenho acima da expectativa do mercado para dezembro, quando foram encerrados 307.311 postos com carteira assinada no país.

Estimativa coletada pela agência Bloomberg previa o fim de 324 mil contratos formais no último mês de 2019. Portanto, a perspectiva era mais negativa.

Tradicionalmente, dezembro apresenta fechamento de vagas após as contratações temporárias nas fábricas para produzir as demandas das festas de fim de ano. 

Dessa vez, o saldo foi o melhor desde o mesmo mês de 2005, quando 286.719 vagas foram fechadas.

A esquina da rua Barão de Itapetininga com a rua Dom José de Barros, centro de São Paulo - Rivaldo Gomes - 15.out.19/Folhapress

Em dezembro, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, estimou que o saldo total de 2019 seria de pelo menos 635,5 mil novos postos de trabalho formais.

O resultado anual, apresentado nesta sexta, portanto, superou a projeção. 

Ao comentar o assunto, Marinho disse que o desempenho do mercado de trabalho "demonstra a confiança do setor produtivo na agenda econômica".

Para 2020, economistas e o governo preveem uma aceleração no ritmo de contratações.

"A expectativa é de ampliação na criação de postos formais, diante do contexto macroeconômico mais favorável às contratações, com maior crescimento da atividade econômica e avanços nos investimentos privados", disse o economista da Tendências Consultoria, Thiago Xavier.

Pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV/Ibre, Daniel Duque estima que, neste ano, o Caged deve registrar um saldo de aproximadamente 920 mil novos empregos com carteira assinada --bem próximo do calculado pelo governo.

Segundo o secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo, o Brasil pode voltar a registrar a abertura de 1 milhão de novas vagas em 2020.

Ele, porém, não fez estimativas com base no crescimento de 2,4% do PIB, oficialmente considerado pelo governo.

Dalcolmo afirmou ainda que o desempenho do mercado de trabalho depende da continuidade na aprovação de reformas, privatizações e comércio internacional.

Em relação aos setores da economia, o secretário prevê que serviços e comércio tendem a abrir a maior quantidade de novas vagas com carteira assinada, mas a construção civil deve manter o ritmo aquecido. 

"Os números [de 2019] são positivos, mas, lógico, temos de batalhar pelo 1 milhão", disse Dalcolmo.

O ano terminou com um estoque de 39,05 milhões de trabalhadores no mercado formal. O número superou os resultados dos três anos anteriores e ficou ligeiramente atrás do resultado de 2015 (39,2 milhões).

O recorde foi 2014, quando o país terminou o ano com quase 40,74 milhões de vagas formais.

Na avaliação de Duque, o saldo de 2019 mostra o início da recuperação da atividade econômica, mas ainda tímido. 

"Estamos muito aquém dos anos dourados da economia, porque a atividade não conseguiu engrenar."

O Ministério da Economia ressaltou que, no ano passado, todos os oito ramos de atividade registraram saldo positivo.

O impulso veio principalmente do setor de serviços, que gerou 382.525 vagas formais. No comércio, houve abertura de 145.475 novos postos de trabalho e na construção civil, 71.115.

A indústria registrou 18.341 vagas. Metade dos 12 subsetores da indústria fecharam vagas, com destaque para indústria têxtil, com 10.281 demissões. Por outro lado, o subsetor de produção de alimentos e bebidas gerou 26.748 postos formais.

Todas as cinco regiões do país também tiveram desempenho positivo no mercado de trabalho. O melhor resultado foi para a região Sudeste, com 318.219 novas contratações formais. Na região Sul, foram 143.273 postos.

Em 2019, o salário médio de admissão foi de R$ 1.626,06, enquanto o salário médio das demissões foi de R$ 1.791,97.

 
 
 
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