Descrição de chapéu Financial Times

PIB da China tem crescimento mais baixo em 29 anos

O PIB chinês cresceu 6,1% em 2019, revelando uma economia sob pressões domésticas em meio a trégua na guerra comercial com os EUA

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Don Weinland ​ e Sun Yu
Pequim | Financial Times

No ano passado, a economia da China cresceu no seu ritmo mais lento desde 1990, enquanto a taxa de natalidade do país caiu ao nível mais baixo da história, destacando os desafios domésticos que Pequim enfrenta apesar de uma trégua em sua guerra comercial com os Estados Unidos.

O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 6,1% em 2019, dentro as expectativas de analistas, mas também revelando uma economia sob a pressão de gastos fracos dos consumidores, desemprego crescente e problemas no sistema bancário.

Trabalhador produz aro de bicicleta em fábrica em Hangzhou, na China - 2.set.2019/China Daily via Reuters

O crescimento entre outubro e dezembro chegou a 6%, abaixo do que alguns economistas esperavam. 

O Escritório Nacional de Estatística da China disse na manhã de sexta-feira (17) que a economia chinesa "manteve o impulso geral" durante um período difícil, mas alertou para os riscos de "problemas estruturais, sistemáticos e cíclicos dentro de casa".

A taxa de natalidade da China caiu para um recorde negativo de 1,05% em 2019, um sinal ameaçador para um país que deverá enfrentar uma escassez de trabalhadores jovens e capacitados para impulsionar seu crescimento nas próximas duas décadas.

Os números do PIB, um dos indicadores mais observados sobre a saúde econômica, vêm dois dias depois de a China e os EUA assinarem o primeiro passo de um acordo comercial, colocando em espera uma guerra comercial de quase dois anos, ao passo em que foram mantidas tarifas equivalentes a centenas de bilhões de dólares sobre produtos chineses importados.

A pausa na disputa foi recebida com otimismo cauteloso por especialistas, que veem sinais positivos de uma leve recuperação no setor manufatureiro e de maior acesso ao capital no sistema bancário.

Mas economistas alertaram que ainda existem muitos indicadores sombrios em toda a economia, incluindo sinais de inquietação no setor bancário.

“Isto parece animador. Pensamos que os mercados têm razão em descansar um pouco, e acreditamos que a situação econômica e financeira está mostrando alguma melhora no curto prazo”, escreveu Ting Lu, economista especializado em China da empresa japonesa Nomura International, antes de os dados serem divulgados.

“No entanto, recomendamos cautela pois as pressões para baixo ainda são relativamente fortes, os riscos financeiros seguem acumulando e o espaço para manobras de afrouxamento monetário de Pequim pode acabar sendo menor do que os mercados esperam.”

Os números do PIB da China são observados de perto, mas especialistas vêm há muito questionando sua precisão. 

"Precisamos olhar além dos números oficiais [e ver] os ventos contrários que a economia enfrenta", disse Diana Choyleva, economista-chefe da firma Enodo Economics.

Ela acrescentou: "Isso inclui o aumento do desemprego, a redução nos gastos dos consumidores e nos investimentos privados [além de] crescentes riscos financeiros, na medida em que a campanha de desalavancagem e redução de riscos entra em uma fase crítica em meio ao aumento do estresse no sistema financeiro".

O Financial Times informou nesta semana que a State Grid, a maior empresa de serviços públicos da China, está se preparando para um crescimento econômico tão baixo quanto 4% nos próximos cinco anos.

Colaborou Xinning Liu, de Pequim

Tradução de Daniel Avelar

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